Notícias da Semana 26/02/2011 – 04/03/2011 |
SUMÁRIO |
Fonte: Folha de S. Paulo Caderno: Ilustrada / Livros – pg. E5 26 de fevereiro de 2011 Meta de Antonio Penteado Mendonça é abrir as portas da Academia Paulista de Letras para a sociedade de SP Gestão eleita pretende implantar concurso de redação nas escolas públicas e digitalizar o acervo da instituição MARCO RODRIGO ALMEIDA DE SÃO PAULO Uma cerimônia curta, de discursos breves e muita música, marcou a posse de Antonio Penteado Mendonça na presidência da APL (Academia Paulista de Letras), na noite da última quinta. O tom mais despojado do evento, realizado na sede da academia, no largo do Arouche, é o mesmo que Mendonça pretende imprimir à sua gestão. "Nós queremos popularizar a Academia, abrir as portas da APL para a sociedade. A Academia era um clubinho fechado, mas nós estamos no século 21, não no século 19." O novo presidente foi eleito em dezembro de 2010. Ele ocupará o lugar do desembargador José Renato Nalini, que, na nova gestão, assume o cargo de secretário-geral. Nos últimos quatro anos, Mendonça já havia sido primeiro-secretário durante o mandato de Nalini. A continuidade na direção da APL não se resume à equipe. Mendonça afirma que a nova presidência será um prosseguimento natural da anterior. "Vamos incrementar políticas de interação, com a realização de cursos, videoconferências e palestras em escolas públicas", diz ele. Os estudantes da rede pública do Estado são o foco da Academia. Ainda neste ano, um concurso de crônica, conto e poesia deve envolver cerca de 150 mil alunos. Outra meta é digitalizar o acervo de 100 mil livros da biblioteca da APL. Mendonça está em negociação com universidades privadas interessadas em financiar o projeto. Embora represente o grupo majoritário da APL, a tendência "popular" não é unânime entre os acadêmicos. "Essa abertura é apenas um factoide. A APL sempre esteve ligada à sociedade", diz o poeta Mário Chamie. "Acontece que antes havia produção relevante de interesse geral. Agora, quando a maioria dos acadêmicos não tem uma sólida formação literária, fica difícil ter algo para divulgar", fala o poeta. |
Fonte: O Estado de S. Paulo Caderno: Caderno 2 / pg. D9 Escritor gaúcho, morto no domingo, foi enterrado ontem em Porto Alegre 01 de março de 2011 | 0h 00 Elder Ogliari - O Estado de S.Paulo O corpo do escritor Moacyr Scliar foi sepultado por volta do meio-dia de ontem no Cemitério do Centro Israelita de Porto Alegre. A cerimônia de despedida seguiu o rito judaico e foi restrita aos familiares e amigos mais próximos do escritor e médico especialista em saúde pública morto no domingo, aos 73 anos, de falência múltipla de órgãos. O rabino Guershon Kwasniewski destacou que a própria convalescença de Scliar, de certa forma, se transformou em literatura. "A cada informação médica ele escrevia um novo capítulo e, como escritor, cativou seus admiradores até o último dia." Scliar estava internado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre desde 11 de janeiro. Após cirurgia de pólipos intestinais sofreu um acidente vascular cerebral e não se recuperou mais. O rabino lembrou ainda que, sem ser religioso, Scliar "era um embaixador da cultura judaica". Ao final da cerimônia, a família distribuiu uma nota de agradecimento a todos que manifestaram carinho e solidariedade pela morte do escritor. "Neste momento de dor e tristeza, permanece em cada um de nós a lembrança de um homem digno, dono de uma mente brilhante e criativa, que viveu a vida em toda a sua plenitude. Aos 73 anos, Scliar obteve sucesso em todas as atividades às quais se dedicou, seja como médico sanitarista ou como escritor", destaca um trecho do texto. Em outro parágrafo, a família lembra que "o guri criado no bairro do Bom Fim escrevia pelo simples prazer de contar boas histórias, que nunca pararam de nos fascinar. Os mais de 80 livros publicados, os inúmeros prêmios literários, as crônicas e os artigos revelam o trabalho de um humanista, sempre fiel às suas origens". Na parte final, a nota reitera que "em família, Scliar foi um homem generoso, apaixonado e de uma dedicação ímpar". Na sequência, destaca: "Todos aprendemos com ele a cultivar nossos sonhos como admiração e peito aberto, pois eles são a matéria-prima da vida. Que possa descansar em paz, seu legado é imortal. Moacyr, hoje somos nós que te abraçamos. Milhões!". Entre os escritores, artistas e políticos que foram se despedir do escritor estavam Luis Fernando Verissimo, Zoravia Bettiol, Tabajara Ruas, José Fogaça, Pedro Simon e Henrique Fontana. Amigo de muitos anos, Luis Fernando Verissimo destacou a personalidade generosa de Scliar e disse que ele deixa o exemplo do intelectual engajado em causas sociais e saúde pública. Tabajara Ruas lembrou que Scliar foi dos primeiros a reconhecer sua obra. "Sou leitor de toda a vida do Scliar e considero O Exército de Um Homem Só um dos grandes livros do século passado", comentou. Fonte: Folha de S. Paulo Caderno: Ilustrada / pg. E1 01/03/2011 - 07h29 Publicidade FABIO VICTOR ENVIADO ESPECIAL A BARILOCHE Pola é argentina, filósofa, inteligente e bonita. Tem um blog sobre orquídeas. Seu primeiro romance, publicado quando ela tinha 31 anos, despertou amor e ódio na Argentina e foi aclamado na Espanha. Ela agora tem 33. Veja mais fotos da escritora argentina Pola é uma nerd assumida, vive entre hackers e escreve artigos sobre tecnologia. Pola surfa. Canta num dueto que musica poemas de uma duquesa do século 17. Citando Alexandre Kojève, define-se politicamente como "marxista de direita". Pola pinta as unhas de azul e mora numa casa de cinema em Bariloche. Gosta de escrever em inglês, alegando que é um idioma mais conciso que o espanhol. Parece tipo, mas compõe à perfeição a persona literária interessantíssima que ela se esforça para compor, embora nem precisasse, porque de fato é. Pola Oloixarac, em suma, tem tudo para causar sensação na próxima Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, de A obra que a lançou ao mundo e foi a senha para que ela integrasse uma antologia dos melhores novos ficcionistas de língua espanhola da revista britânica "Granta" chama-se "As Teorias Selvagens" e sairá no Brasil no final deste mês pelo selo Benvirá, da editora Saraiva. É uma bem construída gozação sobre o "mise-en-scène" ridículo de certo mundo acadêmico e político portenho, aqui situado na Faculdade de Filosofia de Buenos Aires, onde Pola estudou. A narradora é uma aluna que tenta seduzir um velho professor renovando uma teoria já usurpada por ele a um (ficcional) antropólogo holandês, segundo a qual "a presa é a causa do homem". O romance também corrói a esquerda argentina refém ideológica dos anos de chumbo da ditadura. E é, ao mesmo tempo, a crônica de um casal de nerds feios que, mais evoluídos que os pais esquerdistas, agora fazem ciberguerrilha (hackeando o Google Earth e reduzindo a "guerra suja" da ditadura argentina literalmente a um game, o Dirty War 1975) e curtem orgias --gravadas no celular e jogadas na internet-- em festas regadas a quetamina (anestésico para animais). A escritora argentina Pola Oloixarac em sua casa em um condominio fechado com vista para o lago Nahuel Huapi LEBRES A Folha esteve com Pola na sua casa de Bariloche, com vista deslumbrante para o lago Nahuel Huapi e as montanhas do parque nacional homônimo. Fica num condomínio fechado, cercado de pinheiros, ciprestes e macieiras, onde lebres selvagens saltitam nos gramados. Ela mora há duas semanas na casa com o marido, Emiliano, autodefinido "fanático high-tech", e com os amigos que quiserem chegar. O casal veio de um período de seis meses nos EUA, onde Pola deu conferências nas universidades Harvard, Columbia e de Iowa, San Francisco e Flórida. Alugaram a casa no lago, conta, porque ela "queria fazer como o personagem de Stephen King em 'Misery': morar na montanha, escrever e fazer snowboard quando a neve chegar". Aproveitará para dar aulas de escrita criativa a engenheiros nucleares do centro nacional de energia atômica da cidade. Na semana passada estava hospedado na casa um amigo hacker, dedicado a invadir o e-mail de uma garota desaparecida em Buenos Aires, a pedido da mãe dela. Outro dia apareceu no blog de Pola um post em que ela dizia ser um homem (havia uma foto dele), mas incorporara aquela mulher bonita (foto dela) só para promover seu livro no Brasil. "Se você for mulher, eu poderei deixá-la chupar o meu impressionante e belo pau (se for homem, pode chupar também, não me importo)", estava escrito. O post sumiu depois de alguns minutos (depois reapareceu resumido). Pola disse que foi brincadeira de um amigo. COMÉDIA Pola define "As Teorias Selvagens" como uma "comédia sobre os jogos tecnológicos e sexuais da juventude contemporânea". O escritor Ricardo Piglia a saudou como "o grande acontecimento da nova narrativa argentina". Para a ensaísta Beatriz Sarlo --que Pola abordou num hotel em Salvador em meio a um temporal e lhe pediu para ler o livro-- é um "tratado de microetnografia cultural". Em sua resenha do livro, Sarlo usou adjetivos como "inteligente" e "exuberante", mas também fez reparos à intertextualidade forjada em tempos de Google, que no livro se reflete no acúmulo de citações e referências. Pelas páginas desfilam Montaigne (a gatinha da narradora), Hobbes (seu mentor filosófico), Kant, Clausewitz, Plutarco, Platão, Leibniz (seriam necessários parágrafos para citar todos). É um dos motivos que fez do livro muito falado entre escritores e intelectuais, mas pouco vendido na Argentina. Pola informa que foram 3.000 cópias, um crítico diz que não chegou a 2.000. "As Teorias..." evocam o francês Michel Houellebecq, de quem Pola admite influência. Mas ela diz que gosta mesmo é do alemão Peter Sloterdijk e que as maiores influências foram "Fogo Pálido" e "Lolita", de Nabokov. Pola começou a escrever o livro em 2005, estimulada pela escritora americana Maxine Swann, sua melhor amiga, que a fez ver que "o mundo das ideias não está separado do mundo da diversão". Filha de um engenheiro naval com uma psicóloga forense, escreveu o primeiro romance aos oito anos. Tem outros quatro engavetados. Antes de filosofia, estudou medicina. Embora se diga uma "tímida evoluída", é louca por moda e posa para retratos como garotinha, mulher fatal ou pin-up. É mais exuberante em fotos que pessoalmente. Do Brasil, diz que gosta dos "garotos" e do óleo de amêndoas Muriel. Fonte: Folha de S. Paulo Caderno: Ilustrada / pg. E1 Caricatura de guerrilheiros dos anos 70 marca romance de Pola Oloixarac Revista pediu que autora se retratasse; ela afirma que política velha do kirchnerismo motivou as suas críticas DO ENVIADO A BARILOCHE Embora, como se trata de literatura, isso pouco importe, cumpre dizer que o nome real de Pola Oloixarac não é Pola Oloixarac. "É o nome que uso para escrever." "Mas é real?" "É real porque é o que eu uso" -foi o diálogo a respeito. Ela não conta, mas na Argentina e na Espanha conta-se que seu nome de batismo é Paola Caracciolo, o apodo artístico sendo só a leitura de trás pra frente do sobrenome. Pola alega que não divulga seu nome real por segurança, porque diz ter sofrido ameaças na Argentina depois da publicação do livro. Seja verdade ou diversão, o fato é que, ao ridicularizar a herança ideológica da esquerda que lutou na chamada "guerra suja" (a ditadura argentina), a filósofa-gata mexeu num vespeiro. Em "As Teorias Selvagens", os guerrilheiros daquela época viram bufões anacrônicos. Numa das passagens do livro, um professor ex-militante é assaltado junto a universitária-narradora -que faz um apelo socialista ao pedir para os assaltantes maneirarem. Não funciona. Ao contrário, batem mais quando ela revela que a vítima "é só um intelectual de esquerda!". Em meio aos elogios, um irado artigo na revista digital "Planta" (plantarevista.com.ar) malhou o livro "nos níveis sintático, cultural e político" e ao fim pediu, meio brincando, meio a sério, que Pola se retratasse. Pola avalia que o problema foi mais político. "Estavam elogiando um romance de prosódia lamentável, cheio de lugares comuns e tão jactancioso como ignorante", justifica o editor da "Planta" Damián Selci, coautor do artigo. Para o crítico Martín Kohan, fã do livro, não há ali "uma visão divertida ou cínica da repressão, das desaparições forçadas, dos centros clandestinos de detenção". "O que há é um tipo de militante dos 70 reconvertido nos 90. E ela encara, por um um olhar feminino, o estereótipo do machão argentino", afirma. Pola foi criada numa família de esquerda. Sua mãe militou no Partido Comunista Revolucionário e uma tia foi presa pela ditadura. Ela revela que, pelo viés político, seu livro foi uma reação ao kirchnerismo na Argentina. "No momento em que havia a possibilidade de autocrítica, adotou-se o tom triunfal daquela época, como se os militantes de 70 fossem os heróis fundadores da democracia", critica. "É muito mais discurso e show midiático para as classe médias, seu público, e não há políticas para gerar crescimento e reduzir a pobreza." Sobre a resenha da "Planta", Pola diz que ajudou a divulgar o livro. "Deveria ter mandado uma caixa de empanadas para os meninos." No dia seguinte à publicação, ela fez blague em seu blog, publicando uma foto dela fantasiada de policial. Aliás, o blog regular de Pola é melpomenemag.blogspot.com. O de orquídeas é orchideology.blogspot.com. A banda se chama Lady Cavendish, tributo à Margaret Cavendish, duquesa de Newcastle (1623-1673). As músicas do dueto estão em myspace.com/madcavendish. (FABIO VICTOR) |
Fonte: DCI 02/03/11 Zulmira Felicio São Paulo - Kinderplay, a primeira brinquedoteca bilíngue do Brasil foi inaugurada na tarde desta terça-feira (1), na Rua das Tabocas, 110, no bairro da Vila Madalena, em São Paulo. Com um conceito inovador de recreação, no qual crianças desenvolvem habilidades sociais, cognitivas, criativas e linguísticas, tudo em inglês, a brinquedoteca Kinderplay promete revolucionar a maneira de aprender o segundo idioma. "Aqui as criancas que já estudam inglês têm uma oportunidade a mais de praticar o idioma enquanto brincam, imaginam e criam. Kinderplay não é uma escola e sim um espaço de recreação onde a criança brinca em inglês", diz Daniela Grinberg, uma das sócias e idealizadora do projeto. Segundo Daniela, para aquelas crianças que não sabem nada da língua, será uma forma deliciosa de iniciar o aprendizado "Ao brincar as crianças criam um repertório de experiências e interações que servem de alicerce para o seu desenvolvimento cognitivo futuro" , argumenta Kristina Speakes, sócia e responsável pela metodologia desenvolvida na brinquedoteca Kinderplay . Nesta terça-feira, primeiro dia de abertura do espaço, a brinquedoteca Kinderplay funcionou somente das 16 às 20 horas A partir desta quarta-feira (2), a brinquedoteca Kinderplay terá um novo e fixo horário de funcionamento: das 8 às 18 horas, período em que os interessados podem conhecer o espaço, a metodologia e obter informações. |
Fonte: Valor Econômico Caderno: Eu & Fim de Semana Gutenberg século XXI Diego Viana | De São Paulo 04/03/2011 A batalha em torno do Ministério da Cultura (MinC) ecoa a guerra que se desenrola ao redor do mundo sobre a propriedade intelectual. O clima tenso no ministério, que levou fontes ligadas ao MinC a falar ao Valor em "luta pela sobrevivência", dá sequência a conflitos que surgiram em todos os países onde a legislação de direitos intelectuais foi posta Nos EUA, na Europa e em outros países, legisladores sofrem pressões restritivas e liberalizantes. De um lado, corporações da indústria cultural, como a MPAA (Associação Cinematográfica da América) nos EUA, e a Sacem (Sociedade dos Autores, Compositores e Editores de Música) na França, exigem o reforço das penalidades para quem contorna medidas de bloqueio à cópia eletrônica, como a DRM (Gestão Digital de Direitos). De outro, bibliotecas, artistas digitais e universidades pedem a legalização de práticas que, embora corriqueiras, não são contempladas pela lei. O impasse da cultura eletrônica suscitou iniciativas de diversos matizes. Os exemplos mais vistosos são de repressão a usuários que infrinjam as regras vigentes. O mais recente foi a lei francesa Hadopi, de combate à transferência não autorizada de arquivos, adotada em 2009. Nos EUA, a já rigorosa lei de 1998, chamada "Digital Millenium Copyright Act", ganhou em 2007 artigos pelos quais usuários que praticam engenharia reversa de software, um procedimento pelo qual o código de funcionamento é descoberto, podem ter seus computadores apreendidos. Também há países que introduziram dispositivos para flexibilizar o uso de obras protegidas. A nova lei chilena, implantada em 2010, "não só oferece um quadro flexível para usuários, mas também para criadores", diz o advogado Alberto Cerda, da Universidad de Chile. "A lei define exceções que dão agilidade ao processo criativo. Primeiro, nas citações, fundamentais para a academia e o mercado editorial. Segundo, para a colagem e o 'mash-up', relevantes nas artes visuais. Enfim, na engenharia reversa, essencial para desenvolvedores de software." A disputa brasileira está centrada no anteprojeto de reforma da Lei de Direitos Autorais (9610/98), preparado na gestão de Juca Ferreira no MinC, durante o governo Lula, e enviado no fim de 2010 para a Casa Civil. O novo ministério, conduzido por Ana de Hollanda, trouxe o anteprojeto de volta para o MinC para nova análise. Para Ortiz, "a tramitação foi lenta. O anteprojeto só foi à Casa Civil no fim de dezembro, quando já se sabia que haveria uma nova ministra". Embora o anteprojeto tenha sido tocado por meio de uma consulta pública e uma série de seminários nacionais e internacionais entre 2007 e 2010, o tema ultrapassou o universo de especialistas no início deste ano, graças a um detalhe no rodapé do site do Ministério da Cultura. Ali figurou, nas gestões de Gilberto Gil e Juca Ferreira, um selo da licença Creative Commons. Agora, vê-se apenas a autorização do ministério para reproduzir os textos do site. A retirada gerou protestos de ativistas digitais, do antropólogo Hermano Vianna e do líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Teixeira (SP). A ministra justificou a atitude dizendo que o licenciamento já é previsto pela lei brasileira e não necessita de uma iniciativa Especialistas em propriedade intelectual não concordam que seja redundante fazer uso de um sistema específico, como é o caso do Creative Commons, para organizar a circulação de criações. O advogado Pedro Paranaguá, da Universidade Duke, nos EUA, ressalta que, embora o licenciamento esteja previsto na lei, "para que ocorra, é preciso dizê-lo expressamente. Sem licença ou contrato, todos os direitos ficam reservados". Em novembro, a vice-presidente para a Agenda Digital da Comissão Europeia, Neelie Kroes, traçou uma linha histórica de revoluções culturais e econômicas: a primeira foi a invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, no século XV; a segunda, a Revolução Industrial, no século XVIII; a terceira é a "revolução das tecnologias da informação e da comunicação". A Comissão Europeia mantém uma pesquisa pública sobre eventuais reformas legislativas para adequar seu sistema de proteção à propriedade intelectual na "sociedade da informação". As pressões para reformar a legislação surgem da necessidade de estabelecer um ambiente legal e econômico confortável para práticas criativas que permeiam a indústria cultural. Francis Gurry, diretor-geral da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi), reconhece que a questão atravessa campos tão diversos quanto o econômico, o jurídico, o artístico e o tecnológico. Por isso, resume-o como um impasse. "Como a sociedade pode tornar as obras disponíveis a preço acessível e também assegurar a existência econômica digna aos criadores e intérpretes?", questionou em evento internacional. Existem outros sistemas de licenças como o Creative Commons, mas a iniciativa de Lawrence Lessig, da Universidade Harvard, é a mais empregada por jovens criadores em todo o mundo. O motivo é a clareza com que define diversos tipos de licença, facilitando a escolha. "A vantagem das licenças Creative Commons é que são conhecidas mundo afora. Formam um padrão adaptado para cada ordenamento jurídico, têm sido reconhecidas por tribunais em diversos países e facilitam a vida de todos", diz Paranaguá. O advogado Luiz Henrique Souza, do escritório PPP, especializado em propriedade intelectual, afirma que "a adoção dessa licença por órgãos do governo representa a promoção do padrão de licenças permissivas". Se o momento é de reforma da lei que trata de propriedade intelectual, a adoção de um padrão aberto indica que o governo está mais inclinado para a flexibilidade do que para o recrudescimento. A celeuma das licenças Creative Commons resulta mais de sua simbologia que de seus efeitos sobre a arrecadação de direitos autorais. Os usuários de licenças abertas negam que queiram abrir mão desses direitos. Artistas jovens enxergam na flexibilização uma oportunidade de difusão de seu trabalho. Os caminhos oferecidos pelo mercado tradicional lhes parecem lentos e difíceis, mas a divulgação livre, ou parcialmente livre, de obras na internet se revela um meio mais eficaz e simples de atingir o público. "Deixar a música na internet foi fundamental para ficarmos conhecidos", explica Vicente Machado, baterista da banda pernambucana Mombojó. "Nosso primeiro disco teve 2 mil cópias. Elas não chegaram muito longe, mas, pela internet, a música se espalhou pelo Brasil todo. Quando íamos tocar em algum lugar, as pessoas conheciam as músicas porque copiaram da internet." O formato aberto da distribuição não significa, porém, que os músicos abdiquem da receita dos direitos autorais, particularmente nas execuções de rádio. "Às vezes entramos no sistema do Ecad [Escritório Central de Arrecadação] e, se tem algum dinheiro, é uma surpresa boa." O Ecad vê nas emissoras de rádio a maior fonte de desrespeito aos direitos autorais e desenvolveu com a PUC-RJ um sistema digital de monitoramento. O exemplo da banda pernambucana ilustra o impasse de Francis Gurry. Os papéis do autor, do editor e do receptor se tornam menos evidentes quando, de um lado, o criador tem o poder de editar por conta própria e, de outro, o público encontra o que busca com muita facilidade, sem passar por um mercado que regule os fluxos. "Todos os membros da banda estão na faixa dos 24 aos 28 anos. Crescemos cercados pela internet, nada mais natural do que colocar nossa música online", explica o músico. Para o advogado Peter Jaszi, da Universidade de Washington, o desafio da indústria cultural é reformular modelos de negócios estabelecidos sobre a criatividade. Se os suportes - livros, discos, fitas etc. - aproximavam os bens imateriais do regime material, o mesmo não vale para arquivos como os que circulam em computadores e outros aparelhos. "Os livros eletrônicos têm funcionado como modelo. Os editores foram agressivos ao fazer a transição, porque receberam ajuda da Amazon [livraria virtual que lançou o leitor 'Kindle']. No caso do programa 'iTunes' [de transferência de arquivos musicais], o resultado segue A economia criativa - conceito que engloba as atividades que sobrevivem da propriedade intelectual - é o território em disputa na guerra que chegou ao MinC em 2011. Segundo a OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), as indústrias criativas movimentam US$ 3 trilhões no mundo. Em Segundo Vítor Ortiz, a Diretoria de Direitos Intelectuais, que será assumida pela advogada Márcia Regina Barbosa, ficará subordinada à nova secretaria. Ortiz diz que caberão à diretora as "possíveis mudanças" na lei de direitos autorais. Ativistas da cultura digital argumentam que Márcia Regina tem um histórico de proximidade com o Ecad, parte interessada na questão - para o escritório, a lei atual não precisa de reforma, porque "é uma das mais modernas e completas do mundo, com pouco mais de dez anos de existência", segundo sua superintendente-executiva, Gloria Braga. Ortiz nega que Márcia Regina seja próxima ao Ecad. Nos anos Assim como o Ecad, outras entidades se opõem ao anteprojeto desenvolvido pelo MinC até 2010. Sônia Machado Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), considera "afoita" qualquer modificação de uma lei "sem um amplo e profundo debate", porque os tribunais estaduais ainda estão desenvolvendo os mecanismos de interpretação dos dispositivos legais. O sindicato acrescentou à sua pesquisa anual sobre produção e venda de livros no país um questionário sobre a penetração do livro digital no mercado. A fusão dos universos material e digital está na pauta das discussões em todo o mundo. Neelie Kroes chegou a dizer que a tecnologia digital "torna realidade o sonho renascentista de Pico della Mirandola: todo o conhecimento em um único lugar". Em seguida, arrematou: "Assim como o cinema não matou o teatro e a televisão não matou o rádio, a internet não vai matar nenhuma outra mídia". Falando especificamente de direitos autorais, Neelie não deixou espaço para dúvidas. "Por 200 anos, eles se revelaram uma forma poderosa de remunerar nossos artistas e construir nossas indústrias criativas. Mas não são um fim em si mesmos. É preciso garantir que funcionem como tijolos para construirmos, não pedras para tropeçarmos." Para Jaszi, iniciativas repressivas são fruto do aspecto estritamente econômico da questão. "O que atinge as corporações não são as técnicas digitais em geral, mas usos particulares. Entretanto, quando uma indústria diz 'estamos perdendo dinheiro', logo isso é traduzido para 'estamos perdendo empregos', o que impacta a economia e a política como um todo. Frases marcantes têm um efeito forte sobre os políticos", afirma. Além da tecnologia digital, práticas artísticas também põem sob pressão a forma tradicional de lidar com a autoria. Uma exposição do fotógrafo e advogado Eduardo Muylaert Segundo uma leitura possível da lei atual, a exposição seria considerada ofensiva aos direitos autorais dos fotógrafos de 60 anos atrás, que não foram consultados quanto ao uso de seu trabalho nem serão pagos. No entanto, a iniciativa do fotógrafo é corrente entre criadores que, na linha de Andy Warhol e Jean-Luc Godard, em vez de criar imagens, retrabalham a infinidade de imagens já disponíveis. Como advogado, Muylaert estava ciente do possível impasse jurídico. Apoiou-se sobre o oitavo parágrafo do artigo 46 da lei atual, que permite a reprodução de "pequenos trechos" de obras preexistentes quando não houver "prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores". "Sinto que meu trabalho é legítimo com base nesses artigos", afirma o artista, que também se muniu de um arsenal teórico para sustentar seu argumento. São textos de Roland Barthes, Gérard Genette, Douglas Crimp, Richard Misrach e outros. Juristas que se debruçam sobre o assunto não consideram os artigos citados por Muylaert tão seguros. Para Guilherme Varella, do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), a lei autoral brasileira está entre as mais restritivas do mundo e o trecho em questão deixa em aberto o sentido de "pequeno trecho", "exploração normal" e "prejuízo injustificado". O resultado é uma incerteza jurídica desnecessária. Um dos objetivos da nova lei autoral seria resolver impasses como esse. As fotografias garimpadas por Muylaert seriam "obras órfãs", isto é, cujo autor é desconhecido ou não pode ser encontrado. Para casos assim, seriam concedidas "licenças não voluntárias". Os direitos econômicos seriam recolhidos em juízo, mas os morais seriam dispensados temporariamente. O mesmo procedimento se aplicaria a marchinhas de carnaval da década de 1930 de que não se conhece o autor. No plano internacional, encerrou-se em janeiro um caso judicial emblemático das tensões sobre o direito autoral. A agência Associated Press (AP) e o artista plástico americano Shepard Fairey anunciaram um acordo extrajudicial que pôs fim a uma disputa iniciada em 2008. O objeto do desentendimento foi um dos ícones mais conhecidos do século XXI: o pôster de Barack Obama com a palavra "Hope" (esperança). A imagem original foi realizada em 2006 pelo fotógrafo Manny Garcia, contratado pela AP. Fairey copiou a imagem, pintou-a novamente e a imprimiu em grande escala. Mais tarde, quando a imagem já tinha se tornado um dos símbolos do processo eleitoral americano, passou a aparecer reproduzida em camisetas e souvenires. Ou seja, entrou pela porta dos fundos no mundo comercial. Na declaração oficial emitida por Fairey e pela AP, as duas partes afirmaram que não abriam mão de suas perspectivas. A agência sustentava que o artista tinha infringido as leis americanas de copyright. Fairey manteve sua avaliação de que seu caso entrava na categoria de "fair use", um regime indeterminado de exceções às restrições de cópia. O artista e a agência decidiram explorar juntos as possibilidades econômicas da obra, isto é, o merchandising, que vinha sendo feito clandestinamente por fabricantes de camisetas e souvenires em todo o mundo. Fonte: Folha de S. Paulo Caderno: Ilustrada 04/03/2011 - 07h30 Publicidade ANA PAULA SOUSA DE SÃO PAULO O recado do Palácio do Planalto é claro: o MinC (Ministério da Cultura) precisa, com urgência, desvencilhar-se da "agenda negativa". Num governo norteado pelo mantra da "agenda positiva" e pelo velho ditado que diz que "o peixe morre pela boca", a pasta comandada por Ana de Hollanda tem aparecido como exceção. A despeito de ter um dos menores orçamentos da Esplanada, é um dos que mais tem aparecido na mídia. Não raro, metido em confusão. Fontes ouvidas pela Folha confirmam que a exposição já causa desconforto no Planalto. Esta semana, a presidente Dilma Rousseff teria comentado, com interlocutores, que Hollanda precisa aprender a neutralizar os movimentos de oposição -- venham eles do setor cultural ou do próprio ministério. E se a presidente passou a se preocupar é porque, esta semana, a crise na cultura virou uma crise de governo. O CASO EMIR SADER Após entrevista publicada pela Folha em que o sociólogo Emir Sader, que deveria assumir a Casa de Rui Barbosa, chamou Hollanda de "meio autista", a ministra decidiu cancelar sua nomeação para o cargo. Enfrentou, porém, resistências junto ao setor cultural do PT, que se sentia representado na pasta por Sader. Numa tentativa de apaziguar o partido, foi escolhido, para seu lugar, o cientista político carioca Wanderley Guilherme dos Santos, ideologicamente próximo a Sader e ligado à diretoria do PT. "Há setores do PT muito descontentes com a ministra", diz o cientista político Giuseppe Cocco, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "Esse ministério é o grande erro do governo Dilma. É inexplicável a ruptura feita com a gestão anterior." A sensação de ruptura, negada pela ministra, que prefere a expressão "continuidade", tem origem, sobretudo, na discussão sobre a reforma na Lei do Direito Autoral, proposta por Juca Ferreira, ministro do governo Lula. A reforma da lei, um assunto explosivo e complexo, tornou-se o tema central da nova gestão. "Parte do setor cultural tem reagido com ansiedade", diz o secretário-executivo do Ministério, Vitor Ortiz. "Não se pode demonizar a discussão. O debate não foi finalizado ainda." O DIREITO AUTORAL O que está em jogo, nesse caso, é a flexibilização do tradicional "copyright", que, segundo alguns criadores e consumidores, já não cabe no mundo atual, marcado pelos avanços tecnológicos. "É lamentável que uma discussão que foi pautada pelo debate público possa vir a ser concluída a portas fechadas, com a participação direta de pessoas ligadas ao Ecad, órgão que nem sempre se alinha aos interesses dos autores", diz o músico Dudu Falcão. O Ecad é o órgão que recolhe os direitos autorais. O produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, por sua vez, diz que a ministra, ao propor um recuo na revisão da reforma, está agindo com "prudência e sabedoria". "Essa consulta pública só ouviu os músicos", diz Barreto. "A indústria cultural é muito maior que isso. A ministra está preservando o Brasil de um vexame. A reforma que tinham proposta não tinha pé nem cabeça." Esta semana, o técnico que cuidava desse assunto no ministério, Marcos Souza, foi trocado por Márcia Regina Barbosa, servidora da Advocacia Geral da União (AGU). "É natural que a ministra monte uma nova equipe. Ela tem que ter liberdade para escolher quem quiser", diz o secretário-executivo. "É preciso dar um tempo para que as coisas se acomodem. São só 60 dias de gestão. No centésimo dia, ela vai apresentar um plano de metas." VOTO DE CONFIANÇA O tom do "ainda é cedo" é adotado também por quem fazia oposição a Juca Ferreira e a Gilberto Gil. "Tenho restrições à postura acuada da ministra, mas temos que dar um voto de confiança", diz o ator Odilon Wagner, opositor dos antigos ministros. Wagner teme, por exemplo, que Hollanda não tenha força suficiente para fazer com que a nova Lei Rouanet, em trâmite no Congresso, seja efetivamente votada. O artista plástico Waltércio Caldas é outro que prefere trabalhar com a dúvida: "Há muitas fragilidades. Só não sei até que ponto são problemas que ela herdou ou problemas que está criando". Fonte: Folha de S. Paulo Caderno: Ilustrada 04/03/2011 - 09h27 Publicidade DANIEL MÉDICI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Emir Sader divulgou sua própria versão do cancelamento de sua nomeação para a presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa. As declarações foram publicadas em seu blog, mantido no site da revista "Carta Maior". O sociólogo acusa a imprensa de investir com virulência contra sua proposta de transformar a instituição num centro de debates sobre o Brasil contemporâneo. "Como se poderia esperar, setores que detiveram durante muito tempo o monopólio na formação da opinião pública reagiram com a brutalidade típica da direita brasileira", escreve. "Paralelamente, o MinC tem assumido posições das quais discordo frontalmente, tornando impossível para mim trabalhar no Ministério, neste contexto", completa. Em referência à reportagem publicada pela Folha no último domingo intitulada "Um emirado para Emir", Sader afirma: "Dificuldades adicionais, multiplicadas pelos setores da mídia conservadora, se acrescentaram, para tornar inviável que esse projeto pudesse se desenvolver na Casa de Rui Barbosa". Tais declarações constam no texto "Comunicado - Sobre a Casa de Rui Barbosa", publicado na última quarta. PROPOSTAS No mesmo blog, Sader ainda defende seu projeto de reformulação dos campos de pesquisa da Fundação Casa de Rui Barbosa. "O Brasil precisa e merece grandes espaços de debate, de reflexão, de trocas de opiniões, de elaboração coletiva. As universidades têm tido um papel, mas não tem sido suficiente." Em outro momento, ele classifica de "extraordinário" o trabalho desenvolvido atualmente pela fundação. Sader também critica a forma como suas falas foram publicadas pela Folha, classificando-as como "editorializadas" e "falseadas". Fonte: Folha de S. Paulo Caderno: Ilustrada 03/03/2011 - 13h11 Publicidade DO RIO O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, 75, será o novo presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio. Ele entra no lugar de Emir Sader, que foi destituído do cargo ontem, antes mesmo de assumi-lo formalmente, depois de criticar a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, em entrevista na Folha. Santos é doutor em ciência política pela Universidade Stanford (EUA), e atualmente é diretor do Laboratório de Estudos Experimentais da Universidade Cândido Mendes, no Rio, onde desenvolve pesquisas políticas. Ele é autor de livros como "Governabilidade e democracia natural" (Editora FGV), "Razões da Desordem" (Rocco) e "O Paradoxo de Rousseau: uma interpretação democrática da vontade geral" (Rocco). Santos é afinado com a diretoria do PT e foi um dos defensores de Lula no episódio do "mensalão". |
Diversos Fonte: O estado de S. Paulo 02 de março de 2011 | 0h 00 O Estado de S.Paulo Rota de orquestras, companhias de dança e teatro internacionais, São Paulo pode vangloriar-se de ser uma das capitais da cultura na América Latina. Suas salas de espetáculo, contudo, ainda parecem acanhadas. Um exame dos teatros disponíveis na cidade na primeira década do século 20 - há exatos cem anos - revela que esses espaços talvez não tenham acompanhado o incremento de sua programação cultural. Nem o crescimento de sua população. Entre os anos 1920 e 1930, São Paulo contava ao menos 100 salas. Além disso, a proporção entre o número de poltronas disponíveis e sua população oferecia um assento para 31 moradores. Hoje, são ao menos 340 pessoas para cada lugar disponível nos teatros da cidade. "Nessas duas primeiras décadas do século 20, o número de casas de espetáculo era muito grande", diz a pesquisadora Virgínia Bessa, que ressalva não poder afirmar se a oferta de espaços, comparativamente, era maior ou menor que a atual. Autora de uma pesquisa sobre o teatro musicado Além de numerosos, os teatros do início do século passado eram de grandes proporções, muitos com capacidade para mais de 1 mil espectadores. Entre eles, estava o Teatro São José, que ocupava o local onde hoje está o prédio do shopping Light, o Teatro Santa Helena e o Municipal - único a sobreviver à destruição dos teatros daquela época. Nos bairros, a situação também não era diferente, com salas como o Brás Politeama, para 3 mil pessoas. "A partir de 1930, porém, com a concorrência do cinema, o teatro sofreu um forte abalo", comenta a pesquisadora. "Muitos teatros se transformaram em cinemas, exibindo exclusivamente filmes." Fonte: DCI 02/03/11 - 00:00 > REVITALIZAÇÃO Zulmira Felicio são paulo - Resgatar os monumentos marcantes e históricos da Cidade de São Paulo tem sido uma das ações do Departamento de Iluminação Pública da Prefeitura (Ilume), criado em fevereiro de 2006, que visa atender aos objetivos de serviços de manutenção e de conservação da iluminação pública da capital. A iniciativa pode ser vista nas iluminações do prédio do Tribunal de Justiça de São Paulo, do Obelisco do Parque do Ibirapuera, da Biblioteca Mário de Andrade, no Centro, e da avenida Paulista, um dos pontos financeiros e cartão postal do Município. Menor consumoCom a nova iluminação a avenida Paulista terá uma redução no consumo de energia mensal de 60% com a diminuição da potência das lâmpadas e uma economia de R$ 157 mil por ano. Modernizada, no local foram instaladas 39 estruturas de Outro benefício perceptível à população diz respeito ao nível de iluminância, que aumentou significativamente. Ao longo dos Em Ao longo dos anos, foram feitas algumas intervenções. Arquitetura em destaque Inaugurado em 2 de janeiro de 1933, o Palácio da Justiça foi inspirado no Palazzo di Giustizia de Roma, Itália. Lá foram embutidos 40 projetores nas pedras de granito, para que os feixes de luz sejam focados nos objetos de destaque da fachada.A iluminação objetiva destacar características arquitetônicas do prédio, preservando o conjunto, onde as luminárias ficam escondidas de forma que quem passa pelo local não perceba a presença dos equipamentos. Longa distância O maior monumento da Cidade, com Unidades ornamentais Já para a Biblioteca Mário de Andrade, o segundo maior acervo de livros do País, o Ilume fez a readaptação da rede de iluminação da área externa da biblioteca. Além disso, o também substituiu algumas luminárias e globos, além de remanejar duas unidades ornamentais com cinco globos cada uma. Cada globo recebeu lâmpada de vapor metálico de 100 watts. Inaugurada em Para se ter uma ideia da importância do parque de iluminação da cidade de São Paulo, o maior do mundo, possui 600 mil pontos de luz instalados. Paris, tradicionalmente reconhecida como a Cidade Luz, possui somente 150 mil pontos de luz. |
Fonte: Folha de S. Paulo Caderno: Ilustrada 03/03/2011 - 08h29 FABIO VICTOR DE SÃO PAULO Dois anos depois da chegada do Leya ao Brasil, outro grupo editorial português de peso, o Babel, inicia neste mês suas atividades no país. A empresa deverá atuar nas áreas de literatura, infantojuvenil, artes e culinária. O escritor Luiz Ruffato vai ser o curador editorial, com a função de avaliar originais e sugerir a publicação de autores nacionais. Segundo Ruffato, o trabalho não difere muito do que faz há oito anos, de modo informal, com outras editoras. "A diferença é que agora vou receber por isso", afirma. O escritor frisa que não terá cargo nem será contratado. "Não tenho competência nem tempo para isso." Ruffato declarou que ainda não selecionou nomes a serem lançados. Entre os primeiros títulos da editora no país, deverão constar edições fac-similares de raridades de clássicos portugueses ("Mensagem", de Fernando Pessoa, reproduzida de exemplar da Biblioteca Nacional de Portugal; "Espumas Flutuantes", de Castro Alves; "Índice das Coisas mais Notáveis", do padre Antonio Vieira) e do primeiro catálogo do MoMa, o museu de arte moderna de Nova York, de 1929. REVISTA O grupo também "apoia" (segundo o site da publicação) a revista "Pessoa", dedicada à literatura lusófona e desde o ano passado distribuída gratuitamente no país. O comando da Babel no Brasil está a cargo dos portugueses Rui Gomes Araújo e Nuno Barros. O grupo já tem escritório em São Paulo. Fundado há dois anos a partir da aquisição de várias editoras (como Verbo, Guimarães e Ulisseia), o Babel é o terceiro grupo editorial de Portugal, atrás da Porto Editora e da Leya. É presidido por Paulo Teixeira Pinto, que já comandou o BCP (Banco Comercial Português) e ocupou cargos no primeiro escalão do governo daquele país. O Babel é associado ao grupo Ongoing, também português, que já atua por aqui na área de mídia --é dono do jornais "Brasil Econômico", "O Dia", "Meia Hora" e "Marca"-- por meio da empresa Ejesa (Empresa Jornalística Econômico S.A.). INVESTIGAÇÃO Reportagem publicada em dezembro pela Folha informou que o Ministério Público Federal de São Paulo abriu investigação sobre a atuação do Ongoing no Brasil. A suspeita é que o grupo tenha usado de artifício para burlar a Constituição, que proíbe o controle por estrangeiros de jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão no país. O principal interlocutor do Ongoing/Ejesa com o governo federal é o ex-ministro José Dirceu, colunista do "Brasil Econômico". A namorada dele, Evanise Santos, é diretora de marketing institucional da Ejesa. Desde o início de fevereiro, a reportagem solicita ao Babel dados sobre os planos para o país e entrevista com um executivo, mas o grupo adia a divulgação de informações. O anúncio da chegada do Babel ao Brasil está programado para 14 de março, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, quando Paulo Teixeira Pinto deverá dar uma entrevista. Fonte: Valor Econômico Caderno: Empresas / pg. B4 Denise Carvalho | De São Paulo 03/03/2011 Depois de dedicar cinco décadas dos 77 anos de sua vida a transformar a Editora Abril no maior conglomerado de revistas da América Latina - com faturamento de R$ 2,1 bilhões em 2010 - o empresário italiano Roberto Civita agora está empenhado em fazer com que outra empresa da família se torne um negócio igualmente vultoso: a Abril Educação, dona das Editoras Ática e Scipione e do Anglo. Civita colocou em curso um intenso movimento de negociações para aquisições e está em busca de sócios investidores para ajudar a consolidar a Abril Educação como uma das maiores empresas de sistema de ensino do país. Segundo apurou a reportagem do Valor, a Abril Educação está em conversas com investidores da rede de colégios Ponto de Ensino Pensi, instituição de ensinos infantil, médio e fundamental do Rio de Janeiro, para adquirir uma fatia da empresa carioca. O Pensi é uma rede de 16 unidades, entre próprias e franquias, que também administra cursos preparatórios para vestibulares de universidades e escolas militares. "A aquisição faria sentido porque o Pensi é considerado uma prestigiada instituição que poderia servir de vitrine para o sistema de ensino da Abril Educação", diz um executivo ligado à Abril Educação que falou ao jornal na condição do sigilo. Em entrevista ao Valor, o presidente do Pensi, Bruno Elias, negou a negociação. "Não estamos à venda", afirmou. Procurada pela reportagem, a Abril Educação informou, por meio da assessoria de imprensa, que não comentaria o assunto. Segundo o Valor apurou, o movimento da Abril Educação ocorre em meio ao processo de conversas da família Civita com potenciais sócios investidores para a venda de participação minoritária da empresa. Há cerca de 15 dias, a família Civita rechaçou a proposta de compra de uma fatia minoritária da Abril Educação pelo fundo americano de private equity General Atlantic. Desde o final do ano passado, a família Civita conversa com pelo menos quatro fundos de investimento como estratégia para capitalizar a empresa e pavimentar seu crescimento no mercado de sistema de ensino. O General Atlantic foi o fundo que mais avançou nas tratativas. Apoiada pelo conselho de administração da Abril Educação, os Civita recusaram aceitar um conjunto de exigências apresentado pelo fundo americano embalado na proposta de compra. O General Atlantic queria amarrar o contrato de compra da participação a uma "proteção de preço", conhecida como direito de antidiluição (antidilution rights em inglês). A proteção é uma espécie de compensação. Caso a Abril Educação fizesse uma oferta inicial de ações com uma precificação abaixo do preço pago pelo General Atlantic, o fundo não seria diluído. Nesse caso, o acordo permitiria que o General Atlantic aumentasse a fatia acionária na Abril Educação sem que fosse necessário fazer novos aportes. Procurado, o responsável pela operação da General Atlantic no Brasil, Fernando Marques Oliveira, não deu entrevista. O presidente do conselho de administração do grupo Abril, Roberto Civita, não confirma o nome do fundo. Mas, afirma que não negocia privilégios com potenciais sócios. "Queremos manter estrutura de governança transparente, sem diferenças de direitos ou privilégios entre os investidores". Hoje, a Abril Educação tem entre os acionistas o BR Investimentos, do economista Paulo Guedes, que comprou 25% da empresa no final do ano passado. Desde o início de Há cerca de pouco mais de duas semanas, a Abril Educação informou, em nota publicada no site Exame.com, que tinha encerrado o período de "private placemente" (colocação privada). Segundo Civita, a empresa estuda fazer a oferta inicial de ações ainda em 2011. Fonte: Valor Econômico Caderno: Empresas / pg. B4 Beth Koike | De São Paulo 03/03/2011 Principal unidade do grupo editorial espanhol, a Santillana Brasil fechou o ano passado com um faturamento de R$ 624 milhões - o que significa antecipar em dois anos o desempenho previsto para 2012. O que coloca a Santillana Brasil à frente das demais subsidiárias do grupo no mundo é a forte atuação da sua editora de livros didáticos, a Moderna. Responsável por quase 60% da receita da Santillana, a Moderna é uma das líderes do mercado de livros escolares que movimenta cerca de R$ 2 bilhões. O bom resultado do balanço contábil da Santillana Brasil chega em um momento de otimismo para a editora controlada pelo grupo Prisa, que atravessou recentemente uma forte crise financeira. Nesse período, a editora Santillana foi colocada como garantia nos empréstimos feitos pelo grupo espanhol. Em abril, quando o fundo de investimento americano DLJ adquiriu 25% do capital da editora foi exigido como contrapartida que essa garantia fosse retirada. Além disso, no ano passado, o Prisa vendeu alguns de seus ativos e fechou acordo com o Liberty, outro fundo de investimento que se tornou acionista e fez um aporte de € 650 milhões na empresa. "Agora, estamos trabalhando sem amarras. Antes, tínhamos dificuldades para captar financiamentos", disse Sérgio Quadros, diretor-geral da Santillana Brasil há um ano. Primeiro brasileiro a assumir o comando do escritório da Santillana no país, Quadros está no grupo editorial há oito anos. O executivo, que é físico, começou na editora dando consultoria para os livros de física da editora Moderna. A decisão de colocar Quadros à frente da Santillana também foi motivada pelo bom desempenho da operação brasileira, que hoje responde por quase 30% da receita total da editora espanhola, que somou € 900 milhões no ano passado. Neste ano, a Santillana Brasil tem planos de investir cerca de R$ 25 milhões. Entre os seus projetos está a expansão do sistema de ensino Uno - mercado alvo de investidores e grupos editoriais. Questionado se tem sido abordado para vender o Uno, Quadros diz que não tem planos de se desfazer do negócio. "Queremos expandir nossa operação para a América Latina. Hoje, temos cerca de 130 mil alunos usando nossos sistema e em cinco anos queremos aumentar esse número para 500 mil", disse Quadros. A boa performance brasileira tem motivado o Prisa, dono do jornal "El País", a avaliar a abertura do capital da editora Santillana no Brasil e em Nova York. "O projeto de fazer um IPO está em estudo. A ideia é abrir o capital de toda a editora, não apenas da unidade brasileira. Queremos aproveitar essa boa onda de IPOs e a demanda crescente por educação no Brasil", disse o diretor-geral. Caso o projeto do IPO seja aprovado, a Santillana pretende voltar a fazer aquisições para encorpar sua operação. Desde que desembarcou no Brasil, em "Neste momento, temos interesse em aquisições menores, algo nas áreas de literatura geral ou serviços digitais. Mas se optarmos pelo IPO, a ideia é fazer uma aquisição maior", disse o executivo do grupo, que possui um caixa de R$ 57 milhões. |
Fonte: Folha de S. Paulo Caderno: Ilustrada / Livros – pg. E4 26 de fevereiro de 2011 A literatura nunca vai perder sua força criativa O escritor baiano, que prepara novo romance, fala sobre a velhice e a antiga polêmica com a Flip, onde vai receber homenagem pela carreira DANIEL BENEVIDES ENVIADO ESPECIAL AO RIO Confirmado: Sargento Getúlio, Barão de Pirapuama e a misteriosa senhora CLB estarão na próxima Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que acontece entre 6 e 10 de julho. Quem falará por eles é seu criador, João Ubaldo Ribeiro, que acaba de fazer 70 anos. O escritor mora numa cobertura no Leblon, de onde sai muito pouco, geralmente para encontrar amigos, como Rubem Fonseca. Passa a maior parte do tempo num refúgio refrigerado, onde, envolto por livros e um silêncio que garante a concentração, encara a tela de um computador. Foi nesse escritório que João Ubaldo recebeu a Folha para uma entrevista. Numa conversa franca e simpática, entremeada por comentários divertidos e algumas boas risadas, revelou que já tem um novo romance na cabeça, falou de seu métodos de trabalho e da carreira bem-sucedida -tem dois Jabutis, por "Sargento Getúlio", em 1971, e "Viva o Povo Brasileiro", em 1984, e um Camões, recebido em 2008. Falou também sobre a Flip, assunto que rendeu desentendimentos em 2004, quando retirou seu nome do evento, por considerar-se desprestigiado diante de outros convidados e por considerar a festa "uma realização voltada para autores da Companhia das Letras". Um pouco desconfiado da própria memória, disse nunca ter sido convidado novamente, até agora. De qualquer forma, tanto o popular autor de "A Casa dos Budas Ditosos" quanto a Flip mostraram-se avessos a realimentar a polêmica. Folha - É verdade que o senhor já tem um romance novo na cabeça? João Ubaldo Ribeiro- Sim, mas antes de começar a escrever tenho de administrar meus compromissos. Não se pode interromper um romance, senão desanda. E perder o livro acontece muito, não só comigo. Você larga o livro três dias e quando volta não encontra mais os personagens, perde o contato. O que mudou para o senhor para aceitar o convite da Flip, depois da confusão em 2004? Nada, nunca bati a porta, apenas me trataram condignamente, como qualquer outro. Não quero ser estrela, só não quero ir na rabada dos etcs., pois não sou um iniciante. É a primeira vez que me convidam depois daquele episódio. E provavelmente vou gostar, apesar de não ter mais saco para viajar. O que aconteceu afinal? Tive a desinteligência de reparar que meu nome era raramente divulgado entre os convidados, aí eu decidi não ir. No release aparecia "fulano, fulano, fulano e outros". Esse "outros" era eu. Aí eu disse: outros o caralho! De qualquer forma, não foi nenhuma briga. Muda algo fazer 70 anos? Fazer 70 é melhor que não fazer, é óbvio. Eu tendo a partilhar a observação de meu amigo Jorge Amado, que dizia: "Compadre, já me falaram muito das alegrias da velhice, mas ainda não me apresentaram nenhuma" (risos). Eu talvez tenha algumas, um maior desapego a certas convenções. Não chego ao ponto de dizer que a alegria da velhice é poder peidar em público, mas é algo deste jaez, talvez menos escatológico. Talvez tenha ficado mais fácil escrever. Não. Apesar de manejar bem a técnica, continuo escrevendo com dificuldade. Ainda mais com computador, que torna o trabalho mais lento. Com a facilidade de mexer no texto a gente acaba fazendo mais mudanças do que deveria. Como descobriu que escrever podia ser algo importante? Não sei direito. Deve ter sido com uns nove anos, quando o Monteiro Lobato morreu. Eu era leitor fanático dos livros dele. Para mim ele não era nem gente, era atemporal, não podia morrer. Aí eu comecei a escrever aventuras de Narizinho e Pedrinho. Como foi criar uma obra complexa como "Sargento Getúlio", considerado por muitos seu melhor livro? Na época eu não tava muito convencido se eu realmente era escritor. Quando acabei o primeiro capítulo não sabia absolutamente o que vinha a seguir. Acho que o reescrevi 17 vezes. Aí quase mato o meu pobre livrinho. Mudei o ponto de vista, mudei o narrador e me veio a ideia jericoide de alternar um capítulo na primeira e outro na terceira pessoa, um amadorismo deplorável naquela altura. Ainda bem que meu anjo da guarda me segurou. Ele chama Pepe. Não devia divulgar, na Bahia não se revela o nome do anjo da guarda. E "Viva o Povo Brasileiro"? Tinha aquela história de "livro bom é livro que fica em pé". Quem me provocou um livro grosso foi o então editor da Nova Fronteira, Pedro Paulo Sena Madureira. Ele dizia: "Vocês escritores brasileiros só escrevem essas merdinhas que a gente lê na ponte aérea". Aí fiz o livro desse tamanho. Aliás, ele é frequentemente mal interpretado. Disseram que recontava a história oficial do Brasil do ponto de vista dos oprimidos. Eu nunca pensei nada disso. Seria uma pretensão descomunal. Chegaram a dizer que o senhor era um misto de Guimarães Rosa e Graciliano Ramos. O senhor concorda? Nem um pouco. Acho que na época nem tinha lido Guimarães Rosa -e até hoje não sou leitor dele. O senhor é leitor de quem? Hoje, de Shakespeare. E de Jorge de Lima, Mark Twain. Fico lendo as mesmas coisas. Gosto muito de poesia, leio os poetas ingleses, gosto de Auden, Dylan Thomas. O senhor revelou ter tido alguns bloqueios e até um certo pânico, mas também deve ter se divertido escrevendo, não? Muito! Eu rio e choro com meus personagens, que frequentemente ganham vida própria. O Nego Leléu de "Viva o Povo", por exemplo, nasceu para ser coadjuvante e se tornou um dos mais importantes no livro. O cônego que esculhamba tudo também. Abriu a boca e não fechou mais. Eu queria matá-lo e não conseguia (risos). Me divirto tanto que não escrevo na frente de ninguém, só da minha mulher. Me lembro de um episódio engraçado, em Itaparica. Eu estava escrevendo uma cena do "Viva o Povo", em que o Barão de Pirapuama comete uma grosseria inominável com a baronesa, e eu queria que ela respondesse com uma mesura. Aí eu fiquei na frente da máquina assim (levanta e faz a mesura). Meu compadre Bento viu e achou que eu estava louco! Ouvi dizer que tem gente que acha que seus personagens são reais, é verdade? Sim! (ri) Durante um evento numa livraria, um sujeito se aproximou e me disse: "Eu queria muito lhe conhecer pois sou descendente do barão do seu livro". Tentei explicar que não era possível, que o barão era inventado. Ele ficou indignado! (risos) O senhor já mencionou a literatura como uma porta para a fantasia. Hoje, em que há milhões de portas para a fantasia, o papel da literatura está ameaçado? Não, a literatura nunca vai perder sua força. O leitor não pode assumir a passividade que assume assistindo a um filme, vendo TV ou até ouvindo música. Estão acrescentando tantos recursos aos livros eletrônicos que eles estão deixando de ser livros e virando DVDs. Daqui a pouco volta-se ao livro de papel como uma grande conquista. Fonte: Folha de S. Paulo Caderno: Ilustrada / Livros – pg. E4 26 de fevereiro de 2011 VIDA Nasce em Itaparica, na Bahia, em janeiro de 1941. É membro da Academia Brasileira de Letras PRINCIPAIS LIVROS "Sargento Getúlio" (1971), "Vila Real" (1979), "Viva o Povo Brasileiro" (1984), "O Sorriso do Lagarto" (1989), "O Feitiço da Ilha do Pavão" (1997), "A Casa dos Budas Ditosos" (1999), "O Albatroz Azul" (2009) PRINCIPAIS PRÊMIOS Ganhou dois Jabutis (por "Sargento Getúlio" e "Viva o Povo Brasileiro") e o Prêmio Camões (2008), o mais importante da língua portuguesa |
Fonte: DCI Caderno: São Paulo / pg. C1 01/03/11 - 00:00 > EVENTO ENCONTRO DEVE REUNIR MAIS DE 600 ATIVIDADES GRATUITAS: "SHOWS", MESAS LITERÁRIAS, OFICINAS Eduardo Schiavoni Ribeirão Preto - Um evento nacional. Com esse objetivo, a Prefeitura de Ribeirão Preto lançou a 11ª Feira Nacional do Livro da cidade. O evento contou com a presença de políticos, empresários, escritores, diretores de escolas, servidores da educação, cultura e outras áreas, além de diversos representantes da sociedade civil. A realização é da Fundação Feira do Livro, em parceria com a Prefeitura de Ribeirão Preto. "Nosso objetivo é atrair 450 mil pessoas, mas ficaremos muito felizes se conseguirmos chegar a meio milhão. Vamos fazer dessa a maior feira a céu aberto do País", disse a prefeita Dárcy Vera (DEM). A feira, que neste ano acontece entre os dias 28 de maio e 5 de junho, vai reunir mais de 600 atividades gratuitas entre shows, mesas literárias, contadores de história, oficinas de dança, cinema e fotografia na Praça XV de Novembro, região central da cidade. A novidade, porém, é a utilização de novos espaços para os eventos. Já estão confirmadas atrações no Parque Maurílio Biagi, divisa entre a região central e a Zona Oeste, e no Cineclube Cauim, localizado na região central. A prefeita lembrou que a feira projeta Ribeirão Preto nacionalmente e cria um caminho curto para que haja um relacionamento entre os escritores e leitores. Dárcy aproveitou seu discurso para "intimar" os deputados de Ribeirão a destinarem verba para o evento, via emendas parlamentares. "Um evento desse porte precisa de todo o apoio possível, inclusive de nossos deputados", alfinetou a alcaidessa. Já Isabel de Farias, presidente da Fundação Feira do Livro, afirmou que o sucesso da feira se deve à união de todos e anunciou a ampliação do projeto cheque-livrinho, lançado no ano passado, que dá aos estudantes um cheque no valor de R$ 18 para a compra de um livro de sua escolha nos estandes da feira. "O cheque-livrinho vai atender neste ano todos os 34 mil alunos da rede municipal e, no futuro, queremos alcançar também os estudantes das redes estadual e particular", disse Isabel, informando ainda que o investimento no projeto será na casa dos R$ 600 mil. União de autoridades Galeno Amorim, recém-indicado para chefiar a Biblioteca Nacional, também participou do evento. Ele foi o idealizador da primeira Feira do Livro de Ribeirão, em 2001, na gestão do então prefeito Antonio Palocci Filho (PT), hoje ministro da Casa Civil. "Estamos vendo nesse evento uma grande assembleia de 'acionistas' da Feira do Livro. Pessoas que investiram e investem a cada ano para tornar esse evento maior e melhor. E o mais importante é que a Feira Nacional do Livro não tem um dono, mas 600 mil donos", discursou Galeno, referindo-se ao apoio irrestrito que a população tem dado à feira. Outro a dar as caras com entusiasmo foi o ex-prefeito de Ribeirão e deputado estadual Welson Gasparini (PSDB). "Vim trazer o meu apoio e o de todos os deputados de Ribeirão para essa feira que vem crescendo a cada ano e se impondo a nível nacional e até internacional". O presidente da Câmara, Nicanor Lopes, acompanhado por mais seis vereadores, fez questão de também hipotecar o apoio da Casa à realização da feira, além de parabenizar a todos os que trabalham e participam do evento. Homenageados O empresário do setor sucroalcooleiro Maurílio Biagi Filho, que será o patrono da feira deste ano, revelou seu desejo de contribuir para o desenvolvimento cultural de Ribeirão, assim como contribuiu para o desenvolvimento econômico da cidade. O comprometimento de Maurílio foi elogiado pela prefeita e pelos organizadores. "Maurílio, que me perdoe o Obama, mas você é 'o cara'. Você está sempre envolvido nos grandes projetos da cidade e tem me ajudado muito", disse Dárcy, arrancando sorrisos do "cara", das autoridades e do público no auditório. A Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto de 2011 terá parte das exposições e debates dedicada à herança literária da Grécia, ao desenvolvimento econômico e cultural de Santa Catarina e à vida e obra do escritor português José Saramago. Outros homenageados são a escritora Luciana Savaget, pela produção voltada para crianças e adolescentes, e o jornalista Saulo Gomes, expoente da literatura local. "Como repórter, tenho certeza do sucesso desta feira", afirmou Gomes. Investimentos e lacunas Com atrações a ser divulgadas nas próximas semanas, a feira terá um investimento de R$ 3,34 milhões, segundo a presidente da Fundação Feira do Livro. "Pedi R$ 600 mil para a prefeitura", disse, ressaltando que a maior parte dos recursos é da iniciativa privada. O aporte do governo federal poderá ser de até R$ 1,7 milhão, que o município ainda terá de captar. "A verba foi liberada em forma de incentivo fiscal e a entidade vai ter de buscá-la", disse Amorim. Amorim lembrou que a Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto é uma das mais importantes do Brasil, realizada em praças e espaços culturais em seu entorno, num total de 16 mil metros quadrados e apresenta números impressionantes. Em suas dez edições já recebeu um público superior a 3 milhões de pessoas. Em cada edição são vendidos, em média, 300 mil livros. Ainda assim, o evento, de resto festivo, foi marcado por lacunas, que atingiram os pontos mais sensíveis do evento. Sobre a criticada infraestrutura, que ano após ano tem se mostrado insuficiente, Dárcy prometeu um espaço maior para 2012, mas não deu detalhes. |
Fonte: DCI Rafael Diasagências São Paulo - Para mostrar que não existem receitas fáceis e rápidas para ficar rico, a editora Campus/Elsevier lança o livro Meu Vizinho Warren Buffett - Conheça os Maiores Investidores Anônimos do Mundo e Aprenda com Eles, de Matthew Schifrin, com prefácio de Geraldo Soares, autor do livro Casos de Sucesso no Mercado de Ações. A obra relata histórias de sucesso de 10 investidores, chamados de Warren Buffetts, desconhecidos para o grande público, mas que venceram no mercado de ações a partir de seus próprios métodos com muito esforço e com a ajuda da internet. Traduzido por Afonso Celso da Cunha Serra, o livro é uma prova contundente de que pessoas comuns são capazes de se transformar em ótimos investidores por conta própria. Para Schifrin, "o jogo de xadrez sobre o tabuleiro obedecendo às regras não é um novo jogo, quando muito pode ser uma bela confusão. Na realidade, o arcabouço não pode ser mudado, mas as técnicas, táticas e estratégias empregadas podem ser alteradas constantemente, denotando flexibilidade e adaptabilidade", afirma o autor correlacionando à realidade do mundo dos investimentos. Escolhas Ao longo do título, o leitor entenderá como os 10 "Warren Buffetts" são capazes de escolher ações mais lucrativas do que a grande maioria dos assessores financeiros profissionais e dos gestores de dinheiro de grandes empresas. Autodidatas e autônomos, suas histórias são de grande relevância e excelentes fontes de informação para milhões de investidores que agem por conta própria em todo o mundo. Informações sobre os "10 Warren Buffetts" descritos no livro estão no www.mattschifrin.com. |
Fonte: O Estado de S. Paulo Caderno: Caderno 2 / pg. D10 Servidores ameaçam demitir-se em protesto contra saída de Marcos Souza, da direção de Direitos Intelectuais 01 de março de 2011 | 0h 00 Jotabê Medeiros - O Estado de S.Paulo Um racha atingiu ontem a Diretoria de Direitos Intelectuais do Ministério da Cultura em Brasília. A internet foi tomada com diversas manifestações de protesto pela exoneração do diretor da área, Marcos Alves de Souza. O imbróglio deve se radicalizar: 16 pessoas ameaçam afastar-se daquele setor do ministério nos próximos dias, segundo informações obtidas pelo Estado. O Ministério da Cultura ofereceu a Souza, especialista jurídico em direitos de autores e um dos principais consultores do novo anteprojeto da reforma da Lei de Direitos Autorais, a possibilidade de assumir outra função na Diretoria de Direitos Intelectuais, mas ele recusou. Em seu lugar, foi nomeada a advogada carioca Marcia Regina Vicente Barbosa, de 56 anos, que integrou o Conselho Nacional de Direito Autoral (CNDA) entre O setor de direitos intelectuais do ministério foi organizado durante a gestão de Gilberto Gil/Juca Ferreira - a área, desde a extinção do CNDA, no governo Collor, estava praticamente sendo tocada por uma só pessoa no governo federal, de forma precária. Alguns apontam que, por trás da mudança de gestão, está uma clara inclinação da nova gestão pendendo à defesa irrestrita do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de Direitos (Ecad). Marcia Regina Vicente Barbosa é amiga do advogado Hildebrando Pontes, considerado um defensor extremado das teses do Ecad. Ela foi secretária executiva do CNDA quando Hildebrando Pontes foi presidente. O motivo da ameaça de demissão coletiva, segundo informaram servidores do MinC, foi a nova orientação dos direitos autorais do ministério, levada adiante pela ministra Ana de Hollanda. Além de resolver revisar o anteprojeto de lei que reforma os direitos autorais, Ana declarou esta semana à revista Isto É que o debate foi insuficiente - o MinC discute a reforma há 3 anos, e fez 80 encontros nacionais, 7 seminários e pesquisas nas legislações de 20 países. Depois disso, o anteprojeto ainda ficou em consulta pública pela internet, que durou 79 dias e recebeu 8.431 sugestões. Marcos Souza foi um dos principais alvos dos opositores da reforma a partir de 2009, quando vazou o primeiro esboço do anteprojeto de lei dos direitos autorais. Ele se bateu contra associações como a Abramus e a Academia Brasileira de Letras, que não concordam com o texto. Foi o incumbido de separar as contribuições durante a fase de consulta pública, e sempre disse que a ideia não se destinava a "colher manifestações de caráter plebiscitário", mas aperfeiçoar e enriquecer o texto. A Diretoria de Direitos Intelectuais (DDI) é vinculada à Secretaria de Políticas Culturais (SPC) do Ministério da Cultura. É responsável pela formulação e gestão da política brasileira sobre bens intelectuais no que diz respeito a direitos autorais e conexos. Sua atuação extrapola os limites do País - participa de fóruns mundiais na defesa dos interesses do Brasil, além de assessorar o governo federal na adequação da legislação nacional às convenções e tratados internacionais ratificados pelo País. Marcos Alves de Souza, que veio do Ministério do Planejamento, não polemizou em sua saída. Localizado ontem pelo Estado, comentou apenas que acha "legítimo" que a nova dirigente do MinC escolha pessoas de sua confiança para cargos de confiança. "É legítimo, da mesma forma que é legítimo que eu não tenha interesse em continuar na equipe da Marcia. Espero continuar ajudando o governo em outro ministério", disse. ENTENDA A QUESTÃO Novembro de 2009 Imprensa obtém minuta de projeto de lei que o MinC pretendia levar ao Congresso Julho de 2010 Associações como Abramus, Ecad, ABL manifestam desagrado, dizendo que é avanço do Estado sobre direitos privados do autor Setembro de 2010 MinC acusa opositores do projeto de estarem plantando "sugestões" negativas na internet para desqualificar debate Janeiro de 2011 Ministra decide retirar selo do Creative Commons do site do MinC, o que provoca milhares de protestos no Brasil e no Exterior Fevereiro de 2011 Ex-ministro Gil diz que atos da nova gestão são "apressados" |
Notícias da Semana - 26/02 até 04/03/2011
sexta-feira, 11 de março de 2011
Postado por Viviane Rosa às 23:03
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