Notícias Urgentes 06/03/2011 |
SUMÁRIO |
Fonte: O Estado de S. Paulo Caderno: Vida Educação. Levantamento baseado nos dados do Pisa mostra que 39% dos estudantes do País possuem no máximo dez obras literárias e apenas 1,9% é dono de mais de 200 volumes; baixa escolaridade dos pais e situação socioeconômica ruim são motivos 06 de março de 2011 | 0h 00 Imagine uma sala com prateleiras e estantes repletas de livros de todos os tipos: romances, poesias, crônicas, contos, ensaios, dicionários e enciclopédias. No centro, uma mesa de estudos, onde um aluno faz sua lição de casa. Nos lares brasileiros, essa cena ainda é rara: somos o país onde as crianças têm menos livros em casa. É o que mostra um levantamento inédito do Movimento Todos Pela Educação, com base no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2010, que analisou 65 países. Cerca de 39% dos estudantes brasileiros declararam possuir, no máximo, dez obras literárias. A pesquisa mostra ainda que jovens que convivem com livros em casa apresentaram um desempenho melhor nas provas do programa. O índice brasileiro é pior que o de estudantes de outros países latino-americanos, como Argentina, México e Colômbia. Entre os que afirmam ter mais de 200 livros, estamos em penúltimo lugar (1,9%), perdendo apenas para a Tunísia (1,7%). Na frente estão, por exemplo, Coreia (22,2%), Islândia (20,32%) e Liechtenstein (20,48%). A posição sofrível do Brasil no ranking, segundo especialistas em educação, revela um retrato social e cultural do País. "A quantidade de livros em casa está intimamente ligada ao nível socioeconômico da família e à escolaridade dos pais", explica Priscila Cruz, diretora executiva do Todos Pela Educação. O acesso ao livro, diz ela, também está ligado ao custo. "Obras literárias são artigo de luxo por aqui. Além disso, enquanto a alfabetização ainda for precária, não tem como a criança encarar o livro como uma ferramenta. Ela é o direito elementar à educação de qualquer indivíduo." Christine Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, organização não governamental que apoia projetos de educação, afirma que o Brasil precisa criar uma cultura de leitura. "Nós não nascemos leitores. Isso começa na família e só depois se estende para a escola. E esse hábito ainda é ausente no País", explica. Segundo ela, as crianças devem ser preparadas desde a primeira infância. "O desafio de estimular a ler não pode ser entregue à escola." Educadores são praticamente unânimes em afirmar que crescer em uma família "letrada" é determinante para desenvolver o prazer pela escrita. "O maior obstáculo é trabalhar o mediador de leitura, que pode ser o professor ou os pais, para que ele "venda" bem a ideia de ler para a criança", afirma Marina Carvalho, coordenadora de projetos da Fundação Educar. "Só assim se cria o hábito." A última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, mostrou que quem mais influencia o leitor no gosto pelos livros é a mãe, segundo 49% das pessoas. Em seguida, vem a professora, com 33%, e o pai, com 30%. "A família se mostra como uma "escola de formação do leitor"", diz Zoara Failla, gerente de projetos da entidade. "Em sala de aula, muitas vezes não se desperta o interesse pelo livro como arte. Ele é apenas mais uma tarefa." Segundo ela, a importância que os pais dão ao livro é determinante para a criança. "Porque esse é o ambiente de formação dos primeiros valores dela", conclui. Ilan Brenman, autor de livros infantis e pesquisador em educação, questiona essa relação em algumas famílias. "Alguns pais de classe média reclamam do preço do livro, mas compram consoles de videogame e celulares caríssimos para os filhos. Qual o valor então que eles dão para a educação?" Costume. Na casa de Michelle Ela lê até 25 livros por ano e diz nunca optar pelo resumo quando a escola pede alguma obra - como por exemplo A Metamorfose, de Franz Kafka, que está lendo agora. "Sempre que pesquiso na internet tenho um livro no colo para conferir as informações, tomando o cuidado de ver se está atualizado", conta. Sabrina de Oliveira, de 17 anos, lê até dois livros por mês - sem contar os propostos pelo colégio Santo Américo, onde estuda. "Gosto de ler mais de um ao mesmo tempo, e de gêneros diferentes, como um romance e uma peça de teatro, por exemplo", diz ela, que leu diversas obras de William Shakespeare. Tanto Michelle quanto Sabrina têm notas altas na escola, confirmando a tendência detectada na pesquisa. PARA ENTENDER Pisa permite comparar países O principal objetivo do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) é apresentar indicadores educacionais que possam ser comparados entre países, mostrando, assim, a eficiência dos sistemas nacionais. As avaliações são feitas a cada três anos, com provas de leitura, matemática e ciências. A cada edição, uma das áreas é enfatizada - na última foi leitura e o exame incluiu, pela primeira vez, textos online. Fazem as provas alunos de 15 anos dos 34 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e de mais 31 convidados. Nas estantes 89,8% dos jovens de Xangai (China) – maior nota em leitura no Pisa – declaram ter mais de dez livros 15,7% dos jovens de Luxemburgo dizem ter mais de 500 livros – maior porcentual entre os países 1% dos brasileiros têm mais de 500 Fonte: O Estado de S. Paulo Caderno: Vida Estudo do Todos Pela Educação mostra que a quantidade de livros em casa acompanha uma melhora no desempenho no Pisa 09 de março de 2011 | 12h 55 Mariana Mandelli - O Estado de S. Paulo O aluno brasileiro que tem até 10 livros em casa tem notas 15% menores em português e ciências do que aquele que tem entre 100 e 200 obras literárias. No caso de matemática, o impacto é de 17%. O estudo do Todos Pela Educação mostra que a quantidade de livros em casa acompanha uma melhora no desempenho no Pisa. Educadores concordam. “Um leitor crítico tem mais potencial na escola, especialmente nas disciplinas de ciências humanas. Um exemplo é o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): se não souber interpretar o texto, não adianta saber o conceito”, opina Luiz Chinan, presidente do Instituto Canal do Livro. Para tornar as obras atraentes, as escolas investem em diversas iniciativas. No Colégio São Domingos, na zona oeste paulistana, por exemplo, os alunos fazem viagens à terra natal dos autores. Cordisburgo, no norte de Minas Gerais onde nasceu Guimarães Rosa, e o sul da Bahia, onde Jorge Amado ambientou suas histórias, são destinos certos. “O livro tem de fazer sentido. Só assim o aluno se interessa de verdade”, afirma o diretor Silvio Barini Pinto. Promover a interdisciplinaridade, relacionando literatura com geografia e história, e trabalhar parcerias com as famílias são outros recursos explorados pelas escolas. “Com o repertório mais amplo, o aluno transporta conhecimento para sua vida escolar e para o mundo, contribuindo como cidadão”, conta Gisele Magnossão, diretora pedagógica do Colégio Albert Sabin. Resultados. Os alunos que leem por prazer afirmam que é nítido o impacto positivo do hábito na vida escolar. Eliakim Ferreira Oliveira, de 15 anos, atribui sua conquista - uma bolsa no colégio Santa Maria - ao “vício” “Ler bastante foi crucial na minha vida”, diz ele, que leu A Evolução da Física, de Albert Einstein e Leopold Infeld, aos 9 anos. Entre os autores que já leu estão Friedrich Nietzsche, James Joyce, John Keats e até Dan Brown (O Código da Vinci). Brasil: baixa posição A média do País no Pisa subiu 33 pontos entre 2000 e 2009. Mas o Brasil ainda figura no 53º lugar entre 65 países e a maioria dos alunos não passou do primeiro dos seis níveis de conhecimento. PRESTE ATENÇÃO 1.Ler histórias com os filhos em casa é uma das principais dicas dos especialistas para despertar o interesse por livros nas crianças. 2.Os pais devem acompanhar, em parceria com a escola, como está a leitura dos filhos. Para isso, o contato com os professores é essencial. 3.Levar as crianças para visitar livrarias é uma boa opção. Presenteá-las com livros também é uma prática indicada pelos educadores. 4.Passeios por bibliotecas, públicas ou privadas, também ajudam a despertar o interesse. A escola deve estimular e pode acompanhar a ida. 5.Estimular a comunicação escrita com os filhos, por meio de bilhetes e e-mails, também é um modo de influenciar a criança a ler. 6.Além de livros, vale a pena incentivar as crianças a ler de tudo: jornais, revistas, gibis e até folhetos. Assim elas se sentem “parte do mundo”. |
Notícias Urgentes - 06/03/2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
Postado por Viviane Rosa às 18:49
Marcadores: aluno, Crianças, educação, Estudantes, Incentivo a Leitura, leitores, Leitura, livros
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