quinta-feira, 12 de maio de 2011

Notícias do Dia - 12 maio 2011

Sumário

Arte S.A.
Nuno Ramos lança volume sobre sua obra no evento
Três editoras francesas processam Google
Livro conta a história do parque mais antigo de SP
Retratos dos povos Hereros de Angola


Fonte: Folha de São Paulo

Arte S.A.

Maior feira do gênero no país cresce apoiada em dinheiro captado por meio da Lei de Incentivo à Cultura

FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

O maior evento comercial das artes visuais no país, a SP Arte, abre hoje para o público com aval para captar nada menos que R$ 1,2 milhão por meio da Lei de Incentivo à Cultura. O valor é mais da metade de seu orçamento, de cerca de R$ 2 milhões.
Até o momento, a feira conseguiu captar R$ 300 mil.
Embalada pelo momento econômico positivo, a sétima edição da SP Arte cresce em número de galerias -de 82, no ano passado, para 89-, e em espaço -de 9.000 m2 para 13 mil m2.
Ela ocupa agora também o segundo andar do pavilhão da Bienal, onde foram montadas 24 instalações.
"Não acho justo que um evento que é 100% comercial tenha incentivo. A feira deveria dar ao menos uma contrapartida social", diz José do Nascimento Júnior, diretor do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), vinculado ao Ministério da Cultura.
A SP Arte, que dura quatro dias, tem o ingresso mais caro que qualquer museu público brasileiro: R$ 30.
Os próprios expositores da feira tampouco sabiam que havia lei de incentivo.
Galeristas ouvidos pela Folha se espantaram. "Essa é a feira mais cara do mundo. Mas tudo bem, eu até entendo a Fernanda [Feitosa, diretora da feira], porque hoje o Brasil é mesmo o país mais caro do mundo", diz Márcia Fortes, da Fortes Vilaça.
A maioria dos galeristas, contudo, preferiu não ser identificada, mas as palavras "incompreensível", "inacreditável" e "absurdo" estiveram na boca de vários deles.
Em média, a SP Arte cobra R$ 1.000 (US$ 620) por m2, enquanto Basel, na Suíça, a mais importante, cobra US$ 514 (R$ 830), e a Frieze, de Londres, US$ 470 (R$ 760).
"O Governo não limita que os benefícios da lei sejam concedidos apenas a projetos não comerciais. Se assim fosse, não teríamos Fórmula 1 nem São Paulo Fashion Week", diz Feitosa.

PROCULTURA
Se a nova lei de incentivo (Procultura) já estivesse valendo, no entanto, a SP Arte não teria tanto apoio.
"Pela nova lei, a feira não conseguiria 100% de patrocínio, pois a Procultura tem um sistema de pontuação de acordo com o retorno para a sociedade", diz Henilton Menezes, secretário de Fomento do MinC. Medidas para tornar a lei em vigor mais justa estão sendo feitas.
Uma delas, aprovada pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, estabelece que o cachê dos artistas não pode ultrapassar R$ 30 mil.
A partir do próximo dia 23, dez agentes do MinC passarão a acompanhar os projetos em vigor em São Paulo, Minas Gerais e Rio para fiscalizar o uso da lei.
Desde 2005, quando de sua criação, a SP Arte se utiliza da lei de incentivo.
Naquele ano foram aprovados para captação R$ 1,1 milhão, valor alcançado por meio do apoio de 20 empresas e gasto em três edições.
Em 2008, ela teve aprovados R$ 685 mil, tendo captado R$ 500 mil, e, em 2010, foram aprovados R$ 1,4 milhão e obtidos R$ 650 mil.
Como contrapartida do evento, Feitosa elenca que gera turismo para a cidade, com seus 16 mil visitantes.
O evento expõe 2.000 obras, promove debates gratuitos, disponibiliza seus catálogos para bibliotecas e possui um programa de estímulo à doação de obras de arte a museus.

PARALELA
Assim como ocorre no exterior, uma feira costuma estimular outras menores.
Em São Paulo, dois produtores organizaram uma feira em outro modelo. A Entretanto teve R$ 400 mil captados por lei de incentivo e também é aberta hoje.
"Não é um evento tão comercial como a SP Arte. O projeto inteiro é em torno dos artistas. É mais semelhante a uma exposição e é gratuita", diz Pedro Igor Alcântara, um dos organizadores.
A mostra reúne 20 artistas sem galeria, com curadoria de Luisa Duarte e Fernando Oliva, num casarão à venda (rua Groenlândia, 448). Todos os trabalhos são novos e podem ser comprados.
"Nós selecionamos os artistas, e a venda não é uma preocupação, já que algumas obras dificilmente serão vendidas, como a piscina do Henrique Cesar", diz Oliva.
"Buraco Negro", do artista citado pelo curador, é uma obra criada para o local, no caso, a piscina da mansão, que teve sua água tingida com nanquim preto.
Ao impossibilitar a visão do fundo da piscina, a obra se torna metáfora do uso da lei de incentivo em vigor


Fonte: Folha de São Paulo

Nuno Ramos lança volume sobre sua obra no evento

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Numa obra que fez há 11 anos, Nuno Ramos espalhou móveis por covas feitas na areia de uma praia do Espírito Santo. A maré subia, engolindo cadeiras e armários.
A imagem de "naufrágio organizado", nas palavras do artista, serve de metáfora para a forma como seu trabalho é visto no mais extenso livro já feito sobre sua produção.
Esse volume de quase 600 páginas será lançado amanhã à noite, durante a sétima edição da feira SP Arte.
"É o movimento da maré, esse jogo de alteridade, disparidade e retorno, tem um motor, uma vida, uma espécie de ruína organizada", disse Ramos à Folha. "No meu caso, há mais contradições, divergências e descalabros."
Isso porque, no livro do artista que despontou nos anos 80, estão obras de toda sua carreira em ordem cronológica. A reunião das obras das últimas três décadas revela desvios da forma e oscilações de estilo e uso de materiais.
"Como eu trabalhei muito em gêneros diferentes, minhas coisas têm uma certa fratura estilística", diz o artista. "Mantendo as obras na ordem em que foram feitas, eu ressalto essa contradição."
Outro desvio, no caso, é jogar para a capa do livro uma não imagem. "Carolina" é uma obra em texto que cobre frente e verso do volume, um diálogo entre duas paredes.
"É diferente do que eu escrevo, mas há várias páginas com textos", diz Ramos, também autor de ensaios e poesias. "Quis dar a eles a mesma dignidade das imagens."
Para além das palavras e das imagens, a edição parece alcançar uma sonoridade com o texto que corre pelas bordas. É a língua, elemento central da obra de Ramos, que ganha corpo nessa montagem editorial, quase um desdobramento espacial dessa série de trabalhos falados.

SP ARTE

QUANDO hoje e amanhã (13/5), das 14h às 22h; sáb. (14/5) e dom. (15/5), das 12h às 20h
ONDE Pavilhão da Bienal (pq. Ibirapuera, portão 3)
QUANTO R$ 30



Fonte: Folha de São Paulo
LIVROS

Três editoras francesas processam Google


As três editoras francesas Gallimard, Flammarion e Albin Michel denunciaram o Google à Justiça por causa da digitalização de livros. No total, elas pedem à empresa 9,8 milhões de euros (cerca de R$ 22 milhões) pelo uso na internet das obras, cujos direitos autorais pertencem às editoras.



Fonte: O Estado de São Paulo

Livro conta a história do parque mais antigo de SP

Criado em 1798, o Jardim da Luz foi palco de acontecimentos importantes da cidade
12 de maio de 2011 | 0h 00
Edison Veiga - O Estado de S.Paulo

O mais antigo parque paulistano se chama Jardim da Luz. Foi ali que paulistanos puderam ver, pela primeira vez, em 1883, a maravilha da luz elétrica. Também ocorreu no parque a primeira quermesse da cidade, a recepção aos soldados que lutaram na Guerra do Paraguai e muitas outras saborosas histórias da São Paulo antiga. Elas estão descritas no recém-lançado livro Jardim da Luz - Um Museu A Céu Aberto (Editora Senac SP, 240 págs., R$ 60), dobradinha do arquiteto e designer Ricardo Ohtake e do historiador Carlos Dias.

DivulgaçãoCartão-postal de 1910. Transformação em passeio público só foi feita realmente em 1825
Boa parte da pesquisa do livro não foi feita agora. Entre 1998 e 2001, Ohtake foi secretário municipal do Verde e Meio Ambiente. E Dias, seu chefe de gabinete. "Logo que assumimos, decidimos vistoriar vários parques. O da Luz foi o primeiro", conta o historiador.

Bastante deteriorado à época, o local foi tratado como prioridade pela gestão de Ohtake. "Restauramos todo o espaço. Não havia mais projeto paisagístico. O parque estava desaparecido, era um matagal lá dentro", conta o ex-secretário. "Era uma pena, pois o parque é muito bonito, com influência dos jardins ingleses e filosofia baseada no romantismo."

A intenção governamental de se criar o Jardim da Luz data de 1798: um documento real ordenava a fundação de um horto botânico em São Paulo, Pernambuco e Rio. O parque nasce dois anos mais tarde. "Ele foi inaugurado como viveiro de plantas. Afinal, queriam era produzir matéria-prima mesmo", diz Dias.

Não havia preocupação de uso do espaço para o lazer da população. "Parecia um tabuleiro: eram ruazinhas intercalando os canteiros", comenta o historiador. O local já contava com um lago.

Em 1825, o parque teve a primeira reforma. E foi realmente transformado em passeio público. "Até então, as cidades brasileiras não tinham esse conceito. Pela primeira vez São Paulo ganhou local com água, árvores, estátuas, lugar de contemplação da natureza", pontua Dias.

O Jardim da Luz passou por nova remodelação na segunda metade do século 19, com a chegada da ferrovia. "Administradores começaram a se preocupar porque ali era a porta de entrada de São Paulo. Então tinha de ser uma coisa bonita." Em 25 de abril de 1870, quando os cerca de 200 soldados do batalhão dos Voluntários da Pátria retornaram da Guerra do Paraguai, foram recebidos pelas autoridades com um banquete no parque.

Acesso. Por causa da Estação da Luz, a região ganhou linhas de bonde - que serviam principalmente para que gente de toda parte da cidade tivesse como chegar à ferrovia. A primeira linha, com veículos de tração animal, foi aberta em 1872. O benefício teve um efeito colateral: o parque passou a ser muito frequentado, sobretudo nos fins de semana. Afinal, era fácil acessá-lo.

A partir daí, virou referência de entretenimento paulistano. Em 1874, ganhou torre de cinco andares - demolida em 1900 -, onde funcionou o primeiro observatório meteorológico de São Paulo. No mesmo ano, um botequim foi aberto no parque. Em 1876, ganhou iluminação: 763 combustores a gás.

Foi ali também que aconteceu a primeira quermesse da capital - organizada pela comunidade francesa em 1882. E, em outubro de 1883, a primeira exibição de luz elétrica em São Paulo - com uma multidão de curiosos que precisou pagar ingresso para ver a maravilha tecnológica.

Século 20. Na virada do século 19 para o 20, o Jardim da Luz passou por sua última grande remodelação. Ganhou minizoológico - com capivaras, veados, macacos, lobos, avestruzes e outros bichos - e passou a ter uma rua interna onde funcionava a grande atração: sob pagamento, podia-se dar a volta em um automóvel. Sua decadência coincide com a crise do café, no final dos anos 1920. "A partir de então, ele se torna apenas um espaço de passagem. Há reportagens, já na década de 30, questionando a má administração do espaço", conta o historiador.

NOME DO PARQUE

Jardim da Luz
REGIÃO CENTRAL

O Jardim da Luz tem esse nome por estar no bairro da Luz. Que foi batizado assim por razões religiosas: refere-se a Nossa Senhora da Luz. A imagem instalada no caminho do Guaré é um dos símbolos católicos mais antigos da cidade - está presente em São Paulo desde o século 17.



Fonte: O Estado de São Paulo

Retratos dos povos Hereros de Angola

Exposição integra a programação dedicada ao Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes
12 de maio de 2011 | 0h 00
Camila Molina - O Estado de S.Paulo

O Museu Afro Brasil, no Ibirapuera, inaugura hoje, às 19h30, a mostra Hereros Angola, com cerca de cem imagens realizadas pelo fotógrafo pernambucano Sérgio Guerra a partir de sua relação de 15 anos de proximidade com o país africano. As imagens, que destacam a cultura dos povos hereros, habitantes, principalmente, da região sudeste de Angola, fazem parte de série que já se transformou em livro, lançado em 2010, e outra mostra, exibida em 2009 em Luanda e Lisboa.

Sérgio Guerra/DivulgaçãoMulher da etnia africana fotografada por Guerra
A exposição de Sérgio Guerra integra a programação comemorativa do museu dedicada ao Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, declarado pela Assembleia Geral das Nações Unidas. As fotografias da mostra são uma seleção diferente dos materiais anteriores, feita com curadoria do diretor do Afro Brasil, Emanoel Araújo, centram-se nos retratos coloridos recentes que o pernambucano realizou enquanto conviveu com os integrantes da etnia, no Deserto do Namibe. Mais ainda, Hereros Angola exibe vestimentas, adereços, objetos e vídeos com depoimentos de homens, mulheres e jovens. Também há uma instalação tecnológica que projeta imagem de mulher do grupo muhakaona revelando a língua da etnia.

"Eles fazem comércio, já frequentam escolas, consomem álcool, locomovem-se entre a aceitação e a recusa de tudo isso. Desde o século passado, pelo menos, eles já mantinham contato intenso e compulsório com a sociedade moderna e com o homem branco", já afirmou o fotógrafo publicitário e produtor cultural, que, vivendo em Salvador, desenvolve desde 1998 programa de comunicação para o Governo de Angola.

Em seu livro, ainda, ficamos sabendo que os hereros são pastores polígamos e seminômades, criadores de gado, e preservam, por séculos, seus rituais. Apesar de Sérgio Guerra ter se centrado nos moradores de Angola, a etnia, atualmente, conta com cerca de 240 mil pessoas, que se dividem também por Namíbia e Botsuana.

SÉRGIO GUERRA
Museu Afro Brasil. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, Parque do Ibirapuera, tel. 3320-8900. 10 h/ 17 h (fecha 2ª). Grátis. Até 24/7.

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