Notícias do Dia - 16 maio 2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Notícias do Dia - 16 maio 2011
Sumário

MEC quer política de educação mais articulada entre Estados e municípios
'Livro em papel sempre terá um mercado'
Instituto lança teleaula gratuita para o Enem
Flip estimula leitura diária entre crianças
USP abre período de transferência
USP vai investir R$ 70 mi em pesquisa
Governo estadual paulista programa série de aumentos para mestres da rede pública, primeiro passo para atrair e manter os melhores na escola
Queda do analfabetismo adulto é residual
Problema é concentrado no meio rural, diz ministro
3% dos analfabetos fora da idade escolar frequentaram uma sala de aula em 2008
Estratégia para melhorar a educação 1


Fonte: Valor Econômico
Caderno: Brasil / pg. A2

MEC quer política de educação mais articulada entre Estados e municípios

Luciano Máximo | De São Paulo
16/05/2011

O governo federal promete intensificar esforços para desenvolver um sistema nacional articulado de educação no Brasil. Para tratar do tema, o Ministério da Educação (MEC) vai criar a Secretaria de Articulação de Sistemas de Ensino (Sase) com planos de ampliar programas e investimentos destinados a prefeituras e governos estaduais. O objetivo é reduzir desigualdades e reordenar a relação federativa na área educacional entre União, Estados e municípios em assuntos como financiamento, gestão, normas, formação de professores e integração curricular.

A Sase, que aguarda sanção de decreto presidencial para passar a figurar no organograma do MEC, será liderada pelo filósofo Carlos Augusto Abicalil, ex-deputado federal pelo PT de Mato Grosso que se destacou por sua atuação parlamentar em matérias relacionadas à educação e foi derrotado nas eleições do ano passado para o Senado. Ele explica que a existência de um sistema nacional articulado de educação é uma demanda histórica para corrigir distorções regionais, principalmente na distribuição de recursos públicos ao setor.

Um exemplo é a diferença do valor de referência do gasto anual por aluno do Fundo Nacional de Manutenção da Educação Básica e Valorização do Magistério (Fundeb) de 2010 para o Estado de São Paulo, de R$ 2.318,75, ante a média de R$ 1.415,97 dos Estados mais pobres do país, já contabilizada a complementação da União. No contexto de um sistema nacional articulado, diz Abicalil, o governo federal gastará mais com educação para apoiar Estados e municípios. "[O aumento do financiamento] será de uma forma calibrada. Não posso falar que a intensidade da participação da União seja igualmente validada para municípios que têm royalties de petróleo, por exemplo, e para seus vizinhos [mais pobres] no mesmo Estado."

O novo secretário também diz que a Sase não cuidará da operação de programas do MEC. A tarefa será concentrada no reordenamento de obrigações e ações conjuntas dos poderes federal, estaduais e municipais, que precisarão ser costuradas em "novas institucionalidades jurídicas" indicadas na segunda edição do Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020), projeto de lei que aguarda aprovação de comissão especial do Congresso.

No atual modelo federalista de organização do Estado brasileiro, a educação pública tem competências concorrentes entre os entes federados, apesar de seu desenho constitucional prever um regime de colaboração. "Ainda prevalece uma visão patrimonialista na gestão do ensino. Como municípios e Estados têm autonomia, cada um administra sua rede, com pouco diálogo", avalia Abicalil.

A relação institucional das três esferas de governo no formato cooperativo do Sistema Único de Saúde (SUS), nos mecanismos de tratamento de resíduos sólidos e na organização das bacias hidrográficas pode servir de inspiração para promover o sistema nacional articulado de educação. "Vamos verificar a capacidade da educação para isso e exercitar algumas dessas formas de arranjo de ação integrada dos poderes públicos que já estão sendo praticadas em outras áreas, independentemente de quem administra o patrimônio", prevê o secretário do MEC.

A atual organização federativa na educação gera inúmeras reclamações e litígios entre prefeituras, Estados e União. As maiores divergências estão nos gastos com transporte, merenda e atribuições por determinado ciclo de ensino. Para Cleuza Repulho, secretária municipal de Educação de São Bernardo do Campo e presidente da União Nacional de Secretários Municipais de Educação (Undime), um sistema nacional deve apontar a responsabilidade de cada ente da federação por seus alunos.

"Cada vez que o município coloca recursos numa rede que não é a sua, ele deixa de investir em áreas essenciais. Quando transporto alunos do Estado e pago por isso, eu deixo de construir uma creche. Isso é realidade em vários municípios do país", afirma Cleuza. No início de sua gestão, a secretária contou que o gasto de São Bernardo, na Grande São Paulo, com transporte de alunos da rede estadual chegava a R$ 25 milhões por ano. Recentemente a prefeitura fez um acordo com o governo estadual, que assumiu, gradualmente, a tarefa de levar e trazer seus próprios estudantes.

Uma das funções da nova Secretaria de Articulações de Sistemas de Ensino do MEC é corrigir esse tipo de atrito e estimular, também no plano pedagógico, a articulação entre as redes públicas. A experiência do Mato Grosso e do Acre, onde os sistemas educacionais municipais e estaduais estão sintonizados, poderá ser referência. No caso acreano, currículo, transporte, calendário de aulas, merenda são políticas decididas em conjunto entre as esferas municipais e estadual. "Também é importante o aluno não sofrer um choque ao passar da escola municipal, por volta dos 11, 12 anos, para a rede estadual", completa Cleuza.

A Sase também vai trabalhar para ajudar Estados e municípios a organizar planos de educação, uma exigência do próximo PNE.


Fonte: Valor Econômico

'Livro em papel sempre terá um mercado'

Jeffrey A. Trachtenberg | The Wall Street Journal
16/05/2011
Poucos executivos do meio editorial têm uma visão mais privilegiada da rapidez com que a tecnologia digital vem transformando o setor do que John Makinson, o diretor-presidente da Penguin Group, a divisão de livros da Pearson PLC.

A editora publica mais de 4.000 títulos de ficção e não ficção no mundo. Decidir como e onde vender todos esses livros está muito mais complicado do que quando Makinson assumiu a presidência, em 2002. Na época, o negócio de livros digitais era pequeno e o impacto de descontos na internet não se fizera sentir em sua totalidade.
           
Entre as decisões cruciais de Makinson está a adoção do "modelo de agência": nele, a editora estipula o preço de venda do livro digital e dá ao varejo 30% da receita. Hoje, o modelo está sendo examinado de perto por órgãos de defesa da concorrência nos EUA e na Europa.

A Penguin também é uma das três grandes editoras por trás do Bookish.com, site anunciado na sexta-feira que se concentrará em novos títulos e autores e venderá diretamente ao consumidor.

Diretor financeiro da Pearson de 1996 a 2002, Makinson, de 56 anos, também editou por um tempo a coluna Lex no "Financial Times". Recentemente, falou ao Wall Street Journal sobre e-books baratos, leitura digital e livrarias independentes.

Trechos:

WSJ: O livro impresso, em papel, vai deixar de ser publicado um dia?

John Makinson: Não, não creio. Há uma diferença cada vez maior entre o leitor de livros e o proprietário de livros. O leitor de livros quer apenas a experiência de ler o livro e é um consumidor digital natural: em vez de comprar um livro barato descartável, compra um livro digital. Já o proprietário do livro quer presentear, compartilhar e guardar livros. Adora a experiência. À medida que formos melhorando o produto físico, em especial a brochura e a capa dura, o consumidor vai pagar um pouco mais por essa experiência melhor. Outro dia, fui conferir a venda de clássicos em domínio público em 2009, quando todos esses livros estavam disponíveis de forma gratuita. O que descobri foi que nossas vendas tinham subido 30% naquele ano. O motivo é que estávamos começando a vender edições de capa dura - mais caras - pelas quais o público se dispunha a pagar. Sempre haverá um mercado para o livro em papel, assim como creio que sempre haverá livrarias.

WSJ: A seu ver, qual será a participação de mercado do livro digital nos EUA em 2015?

Makinson: Bem mais de 30%. O ritmo de crescimento no Reino Unido e em outros mercados é um pouco mais lento do que se esperaria se olharmos para a experiência americana. É que a penetração de aparelhos de leitura se dá muito mais lentamente.

WSJ: A lista de best-sellers do Kindle, da Amazon, é dominada por títulos baratos, bancados pelo próprio autor. Muitos custam US$ 2,99 ou menos. Para editoras tradicionais, essas obras independentes são uma ameaça?

Makinson: Esse é um mercado novo que, economicamente falando, é inviável no formato em papel. Não há como imprimir, distribuir e fazer estoque de um livro a esse preço. Mas, como editoras, provavelmente teremos de participar. (...) Além disso, vamos olhar para o catálogo. Talvez haja público para um western de US$ 1,99. É preciso muito cuidado, no entanto, para garantir que esse novo mercado não comprometa as vendas de Clive Cussler, Tom Clancy, Patricia Cornwell e Ken Follett.

WSJ: Qual o maior desafio para as livrarias num momento em que há milhões de títulos em papel à venda na internet e no qual a receita com livros digitais está dobrando?

Makinson: O varejo [tradicional] de livros tem futuro. O problema, em grande parte, não é só que há livrarias demais, mas que são muito grandes. Como diversificar a oferta ao consumidor para fazer um uso produtivo do espaço sem perder a experiência de se estar em uma livraria?

WSJ: Livrarias independentes sempre tiveram um papel fundamental no lançamento de obras literárias. Com o crescimento do livro digital e da venda on-line, quantas dessas lojas independentes vão sobreviver, considerando que estão sujeitas às mesmas forças que afetaram redes de livrarias maiores?

Makinson: Tenho uma livraria independente na Inglaterra, [a Holt Bookshop, em Norfolk, de cerca de 230 metros quadrados], então tenho um interesse aqui. Não quero soar ingênuo: vai ser muito difícil. Se formos ver as vantagens competitivas estruturais da Amazon em relação a uma livraria convencional, é espantoso. Mas as pessoas estão dispostas a pagar um preço maior numa livraria independente sabendo que podem comprar [o mesmo livro] por menos em outro lugar. É que o consumidor tem um envolvimento emocional com a livraria, sente que a livraria está prestando um serviço público, não só comercial. Não vejo indícios de que as livrarias independentes se tornarão obsoletas.

WSJ: O sr. lê em formato eletrônico?

Makinson: Quando viajo, uso um aparelho digital, principalmente para leitura de manuscritos. Se for só para ler livros, provavelmente vou optar pelo Kindle. Mas, se quiser viajar com um aparelho que me dê acesso ao e-mail em trânsito, é possível que leve um iPad. Também leio livros em papel.


Fonte: DCI
Caderno: São Paulo / pg. C1

Instituto lança teleaula gratuita para o Enem

rafael diaspb

são paulo - O Cursinho Henfil está com inscrições abertas para adesões ao Projeto Tele Aulas Preparatórias para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O Projeto oferece a prefeituras, escolas públicas e ONGs um Curso de Preparação, transmitido pela Internet, que deve ser disponibilizado para grupos.

A instituição que aderir poderá formar salas e transmitir ao vivo as aulas a alunos e interessados de sua escola e comunidade, sempre às segundas, quartas e sextas, das 14 às 18 horas, do início de agosto até os dias anteriores ao Enem, que deverá ser realizado no mês de outubro.

O único custo repassado é o da transmissão de dados (streaming), de R$ 50,00 por mês por sala de transmissão, independentemente do número de alunos. A Instituição precisa ter os equipamentos mínimos para a transmissão das aulas (computador com acesso à Internet, data-show ou TV, caixas acústicas, link de Internet exclusivo de no mínimo 512 kbps, e um computador extra se quiser participar do tira-dúvidas das aulas).

Para adesão e informações, a instituição deve entrar em contato pelo telefone (11) 4514-4184, ou pelo e-mail telesala@cursinhohenfil.org.br



Fonte: O Estado de S. Paulo

Flip estimula leitura diária entre crianças

Festa Literária Internacional de Paraty impulsiona ação educativa nas escolas municipais
16 de maio de 2011 | 0h 00
Gustavo Bonfiglioli - O Estado de S.Paulo
ESPECIAL PARA O ESTADO
ENVIADO ESPECIAL / PARATY

Paraty é famosa por sua festa literária e sua importância histórica e turística. Entre 15 mil e 20 mil pessoas visitam a cidade anualmente durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Na periferia de Paraty, de paralelepípedos comuns, a Flip chega por meio de uma ação educativa, que virou política pública em 2009, para fomento e exercício da leitura nas escolas de educação básica.

A biblioteca da escola municipal do bairro Parque da Mangueira tinha capacidade para 20 crianças há sete anos. "Tivemos de ampliar esse número. Às vezes, são 80 crianças na biblioteca, na hora do recreio. Elas preferem vir pra cá do que brincar", conta Flora França Pinto, diretora do colégio, que atende crianças do ensino fundamental 1, do 1.º ao 5.º ano. Já a escola de educação infantil Pingo de Gente, no mesmo bairro, inaugurou recentemente seu espaço de leitura.

O contato diário dos alunos da rede pública de Paraty com os livros, que têm na grade obrigatória uma hora/aula por dia dedicada à leitura, faz parte de um projeto de ação educativa para formação continuada de leitores - alunos e professores - na educação básica, que vigora há sete anos.

"A Flip transformou a cidade em uma espécie de capital literária no País. Era necessário que ela fosse um instrumento para motivar uma transformação na educação pela literatura", conta Cris Maseda, que é coordenadora da Flipinha, evento paralelo à Flip voltado às crianças.

Mobilização. Criada um ano depois da Flip, em 2004, a Flipinha foi o primeiro passo para mobilizar a comunidade local pela literatura. Isso porque, entre outras atividades, são pendurados livros em todas as árvores das praças do centro histórico. Em cada uma fica um estagiário, estudante do ensino médio da rede pública, que media a leitura de crianças e adolescentes. Também é organizado anualmente um Ciclo de Palestras da Flipinha, voltado a alunos de ensino médio que pretendem seguir magistério.

Outras duas iniciativas estruturam o projeto, desenvolvido pela prefeitura e a Casa Azul, ONG que organiza a Flip. O primeiro, Mar de Leitores, implementou em 2009 uma logística de distribuição de livros nas escolas municipais. No mesmo ano, a Secretaria de Educação adotou, na grade escolar, uma hora diária de leitura obrigatória.

Periodicamente, são organizados encontros mensais com gestores e trimestrais com professores, em que ocorrem palestras sobre pedagogia, literatura e mediação de leitura.

Atualmente, o projeto atinge as 32 escolas municipais de Paraty, envolvendo 320 educadores e cerca de 5.250 alunos.


O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA ASSOCIAÇÃO CASA AZUL



Fonte: O Estado de S. Paulo

USP abre período de transferência

16 de maio de 2011 | 0h 00
- O Estado de S.Paulo

A USP deu início ao processo de transferência para a universidade. As inscrições ficarão abertas de 30 de junho até 8 de julho. A taxa de inscrição é de R$ 100 e deve ser paga até 11 de julho. A Fuvest publica, no dia 20, o manual completo para o exame. Cada escola da USP também deve publicar seus respectivos editais de transferência, com detalhes e critérios. O exame de pré-seleção ocorre em 31 de julho. Mais informações: www.fuvest.br.



Fonte: O Estado de S. Paulo

USP vai investir R$ 70 mi em pesquisa

Um dos objetivos da universidade é aumentar sua projeção internacional
16 de maio de 2011 | 0h 00
Mariana Mandelli - O Estado de S.Paulo

A Universidade de São Paulo (USP) investirá R$ 70 milhões no Programa de Apoio à Pesquisa. Esta é primeira vez que uma universidade brasileira coloca uma quantia tão significativa de recursos num programa institucional de incentivo à pesquisa. A ideia da universidade é aumentar o diálogo entre pesquisadores do mesmo tema dentro da instituição e, consequentemente, projetar a USP internacionalmente na área.

Diversidade. Investimento vai para as mais diferentes áreas de pesquisa, como bioenergia, medicina e sustentabilidade
O Programa de Apoio à Pesquisa contém 43 propostas - 122 foram inscritas, com a participação de 2 mil docentes. Inicialmente, estavam previstos R$ 48 milhões. Mas, como a comissão avaliadora escolheu mais trabalhos, a reitoria decidiu elevar o valor para R$ 70 milhões, a serem investidos nos próximos dois anos.
São pesquisas das mais diversas áreas, como bioenergia, sustentabilidade, medicina, computação, neurociência, estudos internacionais, imunologia, políticas públicas e robótica, entre outras.
Para o pró-reitor de pesquisa da universidade, Marco Antonio Zago, a principal novidade é o caráter interdisciplinar dos estudos: um mesmo tema vai, obrigatoriamente, unir diversos tipos de conhecimento e diferentes unidades e câmpus da universidade. "Era isso que queríamos estimular na USP, com os pesquisadores se relacionando mais intensamente entre si", afirma. "Mas isso não desqualifica o outro tipo de pesquisa. Existem pessoas e grupos que trabalham isoladamente e têm produção de qualidade."
Para Zago, esse é um grande passo da USP rumo a uma fase de maior prosperidade científica no cenário internacional, impactando, até mesmo, na posição da instituição nos rankings.
Investimentos. A USP investe, por ano, do seu próprio orçamento, cerca de R$ 1,2 bilhão com pesquisa - sem contar as verbas provenientes das agências de fomento, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O dinheiro é investido principalmente na infraestrutura e manutenção dos ambientes de pesquisa.
"A obtenção de verbas fora da universidade é importante pelo recurso, mas também porque ajuda a disciplinar a pesquisa", diz Zago. "Mas a instituição também pode e deve fazer isso. E é o que estamos realizando: colocando recursos."
O principal diferencial desse programa, no entanto, é que a verba agora vem apenas da própria universidade, o que confere à instituição um maior controle sobre os estudos. "Não é controlar no sentido de "tomar conta", mas de indicar direções", explica Zago.
Incentivo. Para os pesquisadores contemplados com a verba, o estímulo com o novo programa é grande. Mesmo os grupos consolidados há anos enxergam na oportunidade uma forma de valorização de seus trabalhos dentro da universidade.
"A grande novidade é a USP ter entrado tão intensamente na pesquisa. Isso tem o valor simbólico, de a universidade reconhecer a nossa importância", afirma Nancy Cardia, coordenadora adjunta do Núcleo de Estudos Sobre a Violência (NEV) da USP, que existe há 22 anos.
"A universidade nos deu apoio durante todo esse tempo, mas também sempre tivemos de buscar outros recursos. Não creio que isso (essa busca) vá parar, mas, com o respaldo do programa, vamos procurar com mais tranquilidade." Segundo a professora, com a verba recebida, o NEV vai ampliar o rol de profissionais - o grupo conta com áreas como literatura, antropologia e medicina preventiva, entre outros.
A articulação entre diferentes grupos de um mesmo tema é vista com bons olhos pelos cientistas. "Isso vem do entendimento de que a própria USP deve aportar recursos em suas pesquisas", diz o professor Antonio Roque Dechen, coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa de Bioenergia e Sustentabilidade. "Essa gestão compartilhada vai possibilitar ampliações que vão ao encontro das demandas da sociedade."
A ciência na universidade

R$ 350 mi é a média de investimento anual da Fapesp, uma das maiores agências de fomento do País, em pesquisas realizadas na USP
R$ 150 mi é a quantia que o CNPq, outra grande agência de fomento, coloca anualmente em estudos científicos da universidade
23% da produção científica do Brasil vem da USP
608 cursos de pós-graduação são oferecidos pela universidade
233 é o total de programas de pós



Fonte: Folha de S. Paulo

Governo estadual paulista programa série de aumentos para mestres da rede pública, primeiro passo para atrair e manter os melhores na escola


A decisão do governo paulista de conceder reajuste de 42,2% aos professores, escalonado ao longo dos próximos quatro anos, possui o mérito inequívoco de promover a valorização do magistério.

A baixa remuneração dos docentes, em São Paulo como em todo o país, é uma das grandes deficiências do sistema educacional público. Os salários defasados afastam da carreira os melhores alunos das universidades, além de servir como desestímulo aos que se aventuram na profissão.
Isoladamente, no entanto, a iniciativa paulista não basta para reverter a insuficiência das escolas públicas. A maior parte dos alunos ainda sai delas com conhecimentos não mais que rudimentares de português e matemática.
O resultado mais recente do Sistema de Avaliação de Rendimento Escola do Estado de São Paulo (Saresp 2010) reforça esse cenário preocupante. O único nível em que houve progresso significativo foi o ensino fundamental 1.
A política de aumentos dos salários dos professores vem, portanto, em boa hora. O governo Geraldo Alckmin (PSDB) promete, para as próximas semanas, o anúncio de medidas complementares. Seriam um novo plano de carreira e aperfeiçoamentos na política de gratificações por mérito instituída por seu antecessor, José Serra, também ele tucano.
A atual gestão, que em algumas áreas tem desarticulado iniciativas do ocupante anterior do Bandeirantes, já se comprometeu a manter o pagamento de bônus aos professores da rede pública. O apregoado aperfeiçoamento do mecanismo é bem-vindo.
Algo de que não se pode abrir mão é a contrapartida de requalificação dos professores. Sobretudo agora que veem atendida a reivindicação de reajuste, é obrigação dos docentes aproveitar todas as oportunidades de reciclagem profissional oferecidas pelo Estado.
A contratação de uma consultoria externa, para buscar soluções que levem os alunos da rede pública paulista a se equipararem a seus colegas de outros países, no prazo de uma década, também parece fazer parte da constatação -de resto, tardia- de que o quadro do ensino no Estado é grave.
O reajuste salarial aos cerca de 375 mil professores da ativa e aposentados terá, como é óbvio, o condão de apaziguar o sindicato da categoria, que passou os últimos anos às turras com José Serra. Essa distensão não implica ceder às reivindicações desse grupo, muitas vezes despropositadas.
A solução da difícil equação do sistema educacional passa, sem dúvida, por uma remuneração adequada dos responsáveis pela transmissão do conhecimento. Não existe bom ensino sem mestres preparados e motivados.



Fonte: Folha de S. Paulo

Queda do analfabetismo adulto é residual

Foram poucos os que aprenderam a ler entre 2000 e 2010, segundo o censo; redução foi de 0,5 ponto percentual
Crianças e jovens foram principais responsáveis pela diminuição do analfabetismo ocorrida na década passada
ANTÔNIO GOIS
DO RIO

Edna Veiga, 76, já perdeu a conta do número de cursos de alfabetização em que se matriculou antes de, finalmente, aprender a ler.
"Fiz muitos, mas nada entrava na minha cabeça. Acho que desta vez funcionou porque o professor teve mais paciência", diz ela.
O fato de Edna ter aprendido a ler depois de adulta a torna, no entanto, uma exceção nas estatísticas.
Um olhar mais cuidadoso sobre a década passada através do censo do IBGE mostra que, apesar de quase R$ 3 bilhões investidos pelo governo federal na alfabetização de adultos, uma vez completados 20 anos de idade, foram poucos os analfabetos que aprenderam a ler e escrever entre 2000 e 2010.
A erradicação do analfabetismo na década passada era meta do Plano Nacional de Educação -aprovado pelo Congresso- e promessa de campanha de Lula.
No total da população de 15 anos ou mais, a proporção de iletrados caiu de 13,6% para 9,6%. Essa redução, no entanto, ocorreu principalmente entre crianças e jovens. Entre os brasileiros que começaram a década passada entre 20 e 49 anos, os avanços foram residuais.
Uma análise da Folha nos dados do censo mostra que, em 2000, esse grupo tinha taxa de analfabetismo de 10%. Dez anos depois, portanto, com idades de 30 a 59 anos, essa geração terminou a década com uma proporção de 9,5% de analfabetos, queda de 0,5 ponto percentual.

DIREITO
Para Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a queda residual não deve levar a sociedade a desistir de alfabetizar os adultos.
"É um direito constitucional. Além disso, é um investimento que também impacta a qualidade da educação dos mais jovens, pois o pai com melhor escolaridade tem melhores condições de ajudar o filho na escola", diz Cara.
Ele aponta ainda falta de prioridade. "A alfabetização de adultos nunca foi prioritária na gestão do MEC (Ministério da Educação)."
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), demitido por Lula do cargo de ministro da Educação em 2004, também critica o MEC. Para ele, o governo errou ao mudar o programa Brasil Alfabetizado, que passou a valorizar na gestão de Fernando Haddad a parceria com secretarias de educação, em vez de convênios com ONGs.
"As prefeituras estão mais interessadas nas crianças. A gente ia atrás dos analfabetos e pagava por adulto alfabetizado. Agora, o governo espera que os analfabetos procurem os cursos."



Fonte: Folha de S. Paulo

Problema é concentrado no meio rural, diz ministro


Outra dificuldade citada é o fato de o governo não poder obrigar a população analfabeta a voltar para a escola

DO RIO

Para o ministro Fernando Haddad (Educação), a maior dificuldade na alfabetização de adultos hoje é que ela está concentrada no meio rural.
Ele argumenta que o problema não está na oferta, mas na falta de demanda por parte de uma população ocupada principalmente em atividades agrícolas.
"Se considerarmos apenas a população de 15 a 59 anos nas cidades, a taxa de analfabetismo é de cerca de 5%. No meio rural, essa proporção se aproxima de 20%."
Por essa razão, Haddad diz que o MEC está trabalhando para ruralizar cada vez mais o programa. "Há maior dificuldade de organizar turmas de alfabetização para uma população que está dispersa no campo e ocupada."
Outra dificuldade citada por ele é o fato de o poder público não poder obrigar a população analfabeta a voltar para a escola.
"Na faixa etária de zero a 17 anos, isto pode ser feito, pois a criança ou jovem estão sob o pátrio poder dos responsáveis. A partir de 18, você pode oferecer as vagas, mas não tem como obrigar a matrícula", argumenta.
Segundo Haddad, não é verdade que o programa Brasil Alfabetizado tenha sido tratado de forma não prioritária em sua gestão. De acordo com levantamento da ONG Contas Abertas, o governo gastou R$ 3 bilhões com o programa desde 2004.
"Desde o governo Lula, não houve restrição orçamentária para o programa. E nós também incluímos as matrículas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no cálculo dos repasses do Fundeb -fundo que redistribui por aluno recursos públicos para a educação-, coisa que não era feita antes."



Fonte: Folha de S. Paulo

3% dos analfabetos fora da idade escolar frequentaram uma sala de aula em 2008


HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

Quando se fala em analfabetismo no Brasil, é preciso antes de mais nada distinguir passado e futuro.
Enquanto a taxa de iletrados é de 13,27% entre as pessoas com mais de 30 anos, ela fica em mais modestos 3,22% para a população entre 10 e 29 anos, de acordo com os dados do Censo 2010.
Isso significa que índices de quase 10% são basicamente um problema do passado. Se o Brasil não fizer nada em favor dessa população e apenas deixar o tempo passar, o analfabetismo já cairá.
Vai levar ainda algumas décadas, porque a expectativa de vida (inclusive a dos mais pobres) tem aumentado ao longo dos últimos anos, mas essas taxas relativamente altas de iletrados têm prazo de validade para acabar.
Poderíamos, é claro, em nome da cidadania, catalisar esse processo investindo em programas de alfabetização para os adultos.
O problema aqui é principalmente a falta de interesse dos supostos interessados. Só 3% dos analfabetos fora da idade escolar frequentaram uma sala de aula em 2008, segundo a Pnad.
De algum modo, eles parecem estar sobrevivendo relativamente bem mesmo sem saber ler e escrever. Seria interessante investigar quais as causas da baixa procura pelos cursos, além, é claro, de sua ineficácia e das conhecidas dificuldades de acesso.
Para o futuro, entretanto, o que importa é olhar para as taxas de analfabetismo entre os mais jovens. E a situação neste caso não enseja comemorações.
Os 3,22% registrados na faixa entre 10 e 29 preocupam. Pior ainda quando se considera que, entre os 10 e os 14 anos, o índice sobe para 3,91%. Isso significa que a escola está ensinando a ler muito tarde e muito mal.
Não haveria, em princípio, nenhum motivo para não conseguirmos proporções inferiores a 1% nessa faixa, como ocorre em países do primeiro mundo. Em teoria, apenas crianças com algum problema neurológico grave não aprendem a ler.
Para tornar o quadro um pouco mais sombrio, vale lembrar que não estamos aqui falando de vencer o analfabetismo funcional, que implica atingir um nível de leitura e escrita adequado às necessidades do indivíduo, mas de derrotar o analfabetismo absoluto, para o que basta ser capaz de decodificar um bilhete com meia dúzia de palavras simples.




Fonte: Folha de S. Paulo
FERNANDO VELOSO

Estratégia para melhorar a educação 1


A política educacional brasileira deve assegurar um patamar básico de qualidade antes de mudar

CONFORME discuti no último artigo, uma estratégia adequada de reforma da educação deve considerar o estágio de desempenho em que o sistema educacional se encontra. Em relação aos indicadores educacionais, tem havido progresso no Brasil, mas o nível ainda é baixo.
Desde meados da década de 1990, foi praticamente universalizado o acesso ao ensino fundamental e houve um aumento expressivo das taxas de conclusão do ensino fundamental e do ensino médio. No entanto, quase 40% dos jovens com 16 anos não tinham concluído o ensino fundamental em 2009.
No que diz respeito à qualidade da educação, houve um aumento do Ideb entre 2005 e 2009, especialmente no ensino fundamental. Além disso, o Brasil foi um dos países que teve maior elevação da pontuação no Pisa entre 2000 e 2009.
No entanto, a qualidade da educação ainda é muito baixa. Segundo o movimento Todos pela Educação, apenas 34% dos alunos do quinto ano do ensino fundamental tiveram desempenho adequado em língua portuguesa em 2009. Esses percentuais também foram bastante insatisfatórios no nono ano do ensino fundamental (26%) e na terceira série do ensino médio (29%).
Na última edição do Pisa, que, em 2009, avaliou estudantes com 15 anos de idade de 65 países, o Brasil ficou no 53º lugar em leitura, 57º em matemática e 53º em ciências. Dos nossos alunos, 69% tiveram desempenho inferior ao nível básico de proficiência em matemática, em comparação a 5% em Xangai, 8% na Coreia do Sul e 51% no Chile.
Uma boa notícia é que o Brasil construiu um sofisticado sistema de avaliação da educação básica. Foram estabelecidas metas de desempenho no Ideb, redes de ensino e escolas públicas até 2021 (divulgação em 2022), e foram criadas metas intermediárias a cada dois anos, para que seja acompanhada a trajetória em direção ao cumprimento das metas de longo prazo.
Assim como em outros países com nível de aprendizagem muito baixo, um objetivo primordial da política educacional brasileira deve ser o de assegurar um patamar básico de qualidade da educação para todos os alunos. Isso envolve o cumprimento das metas de aprendizagem em língua portuguesa e matemática através de uma combinação de medidas de apoio e incentivo, em particular nos estados e municípios com pior desempenho.
Por outro lado, o nível avançado de nosso sistema de avaliação da educação básica permite que sejam adotadas aqui algumas iniciativas típicas de países em estágios superiores, como elevação do grau de autonomia e estímulo a inovações ao nível da escola, especialmente nos estados e municípios com melhor desempenho.
O desafio é combinar esses elementos em uma estratégia coerente para melhorar a educação básica de forma sustentada.

FERNANDO VELOSO , 44, é pesquisador do IBRE/FGV e escreve a cada 14 dias neste espaço.

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